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Assédio massivo contra mulheres causa indignação na Alemanha

Na véspera de Ano Novo, cerca de mil homens na cidade de Colônia cometeram “crimes de uma dimensão desconhecida”, segundo a polícia

Luis Doncel
A estação de trem de Colônia (Alemanha), nesta terça-feira.
A estação de trem de Colônia (Alemanha), nesta terça-feira.O. BERG (EFE)

A indignação é crescente. Cerca de mil jovens atacaram um número indeterminado de mulheres nos arredores da estação central de Colônia, justamente ao lado da famosíssima catedral da quarta maior cidade da Alemanha, na véspera de Ano Novo. A situação ainda é confusa, e não está claro como os fatos aconteceram. Mas a polícia denunciou o que considera uma onda de crimes "de uma dimensão desconhecida" cometidos por homens que, pela aparência, vieram de "países árabes ou do norte da África".

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Nos últimos meses, as autoridades haviam identificado jovens do norte da África que cometiam pequenos furtos ou assaltos na estação de Colônia e arredores. Mas, na noite de 31 de dezembro, pela primeira vez foi identificada a atuação de um grupo tão numeroso, do qual saíam outros pequenos grupos que assediavam e atacavam mulheres. Segundo a polícia, os criminosos, muitos deles bêbados, cometeram agressões sexuais em "massa”. Entre esses, teria ocorrido pelo menos um estupro.

O ministro da Justiça, o socialdemocrata Heiko Maas, compareceu na terça-feira para avaliar a situação, em uma amostra da gravidade atribuída pelo Governo aos fatos. “Algo assim nunca aconteceu antes. Essa é uma nova dimensão do crime organizado”, disse. Apesar dos fatos ainda estarem sendo investigados, o ministro acredita que os agressores possuem alguma forma de organização. “Mil homens reunidos devem ter combinado de alguma maneira”, acrescentou. A ministra da Família, Manuela Schwesig, pediu ações imediatas. “Os responsáveis, não importa de onde vêm e sua religião, devem ser localizados e prestar contas rapidamente”, disse. A polícia deteve cinco homens que cometeram roubos no domingo, mas não está claro se também participaram dos acontecimentos do Ano Novo.

Uma testemunha relatou ao jornal Kölner Stadt-Anzeige que um grupo de homens a agrediu enfiando a mão dentro de seu vestido. Outra contou que rasgaram sua saia e sua roupa de baixo. Por enquanto 60 pessoas apresentaram denúncias, mas a polícia tem certeza de que existem mais vítimas que ainda não denunciaram as agressões. “Toda a praça estava cheia de homens; e alguma mulher isolada a qual observavam fixamente. Quase não consigo descrever o que vi”, afirmou Anne, outra testemunha, à versão digital da Spiegel.

A notícia caiu como uma bomba em Colônia. A recém-eleita prefeita da cidade, Henriette Reker, convocou uma reunião de crise para analisar o ocorrido. A prefeita, que três meses atrás foi esfaqueada por um extremista de direita furioso por seu envolvimento na causa dos refugiados, disse que não tolerará que os visitantes da cidade tenham medo de ser atacados. A situação preocupa ainda mais porque em um mês Colônia receberá por volta de 400.000 pessoas por seu famoso carnaval. As autoridades temem que os agressores aproveitem a ocasião para realizar novos ataques.

É difícil imaginar um começo de ano pior para um país que ao longo de 2015 recebeu por volta de um milhão de refugiados, e que deverá realizar grandes esforços para integrar os recém-chegados. Além disso, em Hamburgo também ocorreram agressões a mulheres no Ano Novo.

Do outro lado da balança, a violência contra os refugiados também inaugurou o novo ano. As agressões da ultradireita alcançaram um recorde em 2015 com mais de 1.600 ataques registrados. Mas na noite de domingo a violência xenófoba deu um passo além: um ou vários desconhecidos dispararam contra um refúgio. Um asilado político ficou ferido.

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