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Chegada de imigrantes irregulares à Europa supera um milhão em 2015

Maioria cruzou a Grécia vinda da Turquia para tentar seguir a rota dos Bálcãs

Um iraquiano desembarca junto a outros refugiados na ilha grega de Lesbos em 18 de dezembro.
Um iraquiano desembarca junto a outros refugiados na ilha grega de Lesbos em 18 de dezembro.Santi Palacios (AP)
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Mais de um milhão de imigrantes irregulares e refugiados chegaram à Europa por terra e por mar até agora neste ano. A maioria, cerca de 816.000, entrou pela Grécia a partir da Turquia, segundo o último balanço (até 21 de dezembro) da Organização Internacional de Migrações (OIM) e da Agência da ONU para os refugiados (ACNUR). Uma de cada duas pessoas que utilizaram essa via de entrada irregular era refugiada síria fugindo do conflito em seu país e 20%, cidadãos afegãos. Em 2015, mais de 3.600 pessoas morreram tentado alcançar a Europa.

A imensa maioria dos imigrantes chegou por mar: 972.500 em comparação com 34.500 que cruzaram por terra a Grécia ou a Bulgária, vindos da Turquia, de acordo com o último balanço da ONU divulgado nesta terça-feira e que inclui dados de seis países: Grécia, Bulgária, Itália, Espanha, Malta e Chipre. Não reflete as chegadas — escassas, na realidade — aos países nórdicos via Rússia. A cifra de entradas — mais de quatro vezes superior à de 2014, quando 216.000 pessoas ingressaram irregularmente na UE — é a mais importante desde a II Guerra Mundial, período em que se estima que houve entre 12 e 14 milhões de deslocados pelo conflito.

A pressão migratória, alimentada pelos conflitos da Síria, Iraque e Afeganistão, desencadeou uma crise em numa União Europeia que não consegue cristalizar uma posição comum para enfrentar um dos maiores desafios desde sua criação, que está pondo à prova o espaço de livre circulação. A UE somente conseguiu formular um plano de distribuição com exíguas cifras e um acordo para apoiar economicamente a Turquia — onde vivem 2,2 milhões de refugiados sírios —, e assim tentar conter as chegadas.

No caminho da entrada no bloco perderam a vida mais de 3.600 imigrantes e refugiados. A maioria — 2.889, segundo a OIM — morreu na travessia marítima entre o norte da África e a Itália, uma rota perigosa que perdeu pujança este ano. Mais de 700 pessoas morreram ou desapareceram no Egeu, quando tentavam cruzar da Turquia para a Grécia, o caminho mais utilizado nos últimos tempos e primeira etapa da chamada rota dos Bálcãs, que os imigrantes percorrem para tentar alcançar a Alemanha e o norte da Europa. E as mortes não deixam de aumentar.

A situação na UE — onde outras fontes, como a Frontex, a agência europeia de fronteiras, eleva as chegadas de imigrantes a mais de 1,5 milhão — não é única. O número de refugiados e desabrigados à força em todo o mundo superará os 60 milhões de pessoas, segundo as estimativas da ONU, que afirma ser isso um desafio global.

“Sabemos que a imigração é inevitável, é necessária e é desejável”, disse William Lacy Swing, diretor geral da OIM. “A imigração deve ser legal e segura para todos, tanto para os próprios imigrantes como para os países que serão seu novo lar”, acrescentou Swing em um comunicado, no qual pediu a Bruxelas uma política coordenada. No momento, somente 266 dos 160.000 refugiados que os países da UE concordaram em receber foram realocados.

“Com o aumento dos sentimentos anti-imigração, devemos reconhecer as contribuições positivas dos refugiados e imigrantes às sociedades em que vivem”, declarou António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados em um comunicado à imprensa.

As chegadas de imigrantes nas últimas semanas diminuíram pela chegada do inverno, mas não tanto como foi apontado pelos especialistas. Somente em dezembro, mais de 67.700 pessoas entraram na UE irregularmente pela Grécia, de onde 77% entraram na Macedônia para seguir a rota balcânica. A Grécia é o país que registra mais chegadas: mais de 821.000. Depois, a Itália (mais de 150.300) e a Bulgária (por volta de 29.900). Nesse ritmo, Bruxelas acredita que no ano que vem 1,5 milhão de imigrantes e refugiados entrarão na UE.

Novo naufrágio

Onze pessoas, entre elas três crianças, morreram afogadas na terça-feira no naufrágio da embarcação na qual viajam no litoral da Turquia. A barcaça — não se sabe quantos ocupantes levava a bordo — tentava alcançar a ilha grega de Samos.

A Guarda Costeira turca salvou sete ocupantes da embarcação, que saiu da localidade de Kusadasi (sudeste da Turquia), informa a France Presse, que cita a agência oficial turca Anadolu. As autoridades turcas, que ainda não encerraram os trabalhos de resgate, não informaram as nacionalidades das vítimas.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, 18 imigrantes, dentre os quais existiam várias crianças, se afogaram na Mar Egeu, no naufrágio do barco no qual pretendiam chegar à ilha grega de Kalymnos.

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