Abaaoud, um delinquente belga radical de crueldade implacável
Abdelhamid Abaaoud era procurado por sua ligação com vários atentados na Europa
Abdelhamid Abaaoud, o suposto cérebro dos atentados de Paris na sexta-feira e que foi morto na quarta pela polícia no ataque a uma casa em Saint-Denis, encarna o pesadelo que as redes do Estado Islâmico representam para a segurança na Europa. Com ligações em vários países europeus e contatos com células terroristas muito diferentes, de uma crueldade implacável –um vídeo o mostra enterrando cadáveres de civis após uma execução em massa do EI–, conseguiu transitar entre a Síria e a União Europeia sem ser detectado pelos serviços de segurança, apesar de ser fichado e procurado pela polícia.
Este belga, de 28 anos, fugiu para a Síria com seu irmão mais novo, de 13 anos, em 2013. Não só é considerado o organizador dos ataques que causaram 129 mortos em seis locais diferentes de Paris na noite sexta-feira, como vários veículos da imprensa francesa o relacionam com Mehdi Nemmouche, um terrorista franco-argelino acusado pelo assassinato de quatro pessoas em 24 de maio de 2014 em frente ao museu judeu de Bruxelas. Foi também ligado ao ataque contra um trem que fazia a rota entre Amsterdam e Paris em agosto, que foi impedido quando três turistas se lançaram contra o agressor. Também é considerado o organizador de um frustrado ataque contra duas igrejas em Paris.
Em janeiro, a polícia belga evitou no último momento uma série de atentados na cidade de Verviers. Abaaoud foi novamente apontado como o organizador. A célula desmantelada na quarta-feira em Saint-Denis, uma localidade com alta porcentagem de população imigrante, preparava, de acordo com a promotoria, ataques imediatos contra objetivos estratégicos na capital francesa. O fato de Abaaoud ter sido morto a tiros em uma operação policial nas proximidades de Paris, apesar de ser procurado por sua ligação com vários atentados jihadistas cometidos na Europa nos últimos meses, deixa em evidência enormes falhas de segurança e coordenação.
O ministro belga da Justiça, Koen Geens, destacou nessa semana a inquietação provocada pelo fato de um estudante de classe média se transformar “em um terrorista extremamente profissional”. Nascido em 1987, seu pai, Omar, era dono de uma loja de roupas na principal rua comercial de Molenbeek, o bairro de Bruxelas de onde vieram os principias integrantes do comando terrorista. Segundo o jornal Le Parisien, ele conhecia desde a infância os irmãos Abdeslam, um dos quais continua sendo procurado. O outro morreu nos atentados de sexta-feira.
“Conhecemos bem essa família”, declarou ao Le Parisien Ahmed el Khanoussi, deputado pelo distrito de Molenbeek. “São comerciantes no bairro, participam da vida econômica e social. Gozam de um razoável nível de vida, não têm problemas, isso mostra que não são só os jovens de famílias desfavorecidas que acabam no terrorismo”, acrescentou. Em seu caminho à radicalização, um salto no vazio sobre o qual ainda restam lacunas a preencher, Abaaoud passou pela pequena delinquência. Foi condenado por um roubo em Bruxelas em 2010 junto com Salah Abdeslam, o suposto terrorista foragido, e seu pai está convencido de que a prisão desempenhou um papel muito importante em sua radicalização. Após ser libertado, conseguiu fugir para a Síria em 2013 onde, segundo fontes dos serviços secretos citados pela imprensa francesa, era encarregado de recrutar novos combatentes e organizar atentados no exterior.
Com os nomes de guerra Abu Omar Susi, inspirado na região do sudoeste do Marrocos de onde sua família é originária, e Abu Omar al Baljiki (o belga), Abaaoud aparece em um vídeo do EI, reproduzido recentemente pela imprensa francesa, no qual transporta e depois enterra civis assassinados no norte de Alepo. No vídeo ele aparece sorridente, como se gostasse da sinistra tarefa.
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