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Premiê da França alerta para o risco de um atentado com armas químicas

Policiais poderão portar armas fora do seu horário de expediente

Gabriela Cañas
O presidente francês, François Hollande (direita), escuta a seu primeiro-ministro Manuel Valls, ontem em um encontro com prefeitos em Paris.
O presidente francês, François Hollande (direita), escuta a seu primeiro-ministro Manuel Valls, ontem em um encontro com prefeitos em Paris.STEPHANE DE SAKUTIN (EFE)

A França se sente cada vez mais acuada pelo terrorismo, após os atentados em Paris que deixaram 129 mortos e centenas de feridos na sexta-feira. Em reação à extraordinária ameaça, organizações policiais poderão agora ver concretizada uma antiga aspiração: a autorização para portar armas mesmo nos horários de folga. E na Assembleia Nacional, onde todas as bancadas apoiam as medidas de exceção apresentadas pelo Governo, o primeiro-ministro Manuel Valls advertiu que a França está exposta a atentados com armas químicas ou bacteriológicas. O alerta ocorreu apesar do sucesso da operação policial antiterrorista da véspera em Saint-Denis.

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“Não podemos excluir nada. Digo isso com a devida cautela, mas há risco de armas químicas e bacteriológicas”, afirmou Valls no começo da manhã. “Estamos diante de uma nova guerra –externa e interna – na qual o terror é o primeiro objetivo e a primeira arma”. Mais adiante, manifestou que a ameaça justifica que “outras liberdades sejam temporariamente limitadas”. Além das medidas já divulgadas para aumentar a capacidade operacional das forças de segurança durante o estado de exceção, Valls acrescentou que o Governo pretende criar uma estrutura para amparar jovens muçulmanos radicalizados e controlará rigorosamente o regresso à França de cidadãos que partiram para fazer a jihad.

O debate na Assembleia ainda está em curso, mas os grupos políticos da oposição se mostram muito favoráveis a apoiar o Governo em seus planos. “A premissa mais importante da liberdade é a segurança”, recordou o deputado Alain Tourret, do bloco Radical. É previsível que a Câmara Baixa aprove ainda nesta quinta-feira as novas condições do estado de exceção, que permitem a prisão domiciliar de suspeitos e a cópia de dados informáticos durante operações de busca, mesmo que estes não tenham sido incluídos em nenhum procedimento judicial.

A Direção Geral da Polícia Nacional poderá já nesta quinta-feira autorizar os policiais a portarem armas fora do seu horário de expediente. Atualmente, os policiais só podem andar armados dentro das circunscrições onde trabalham. “O que queremos é poder levá-las no mínimo nos trajetos habituais de casa para o trabalho”, diz Christophe Dumont, secretário nacional do Sindicato de Quadros da Segurança Interna. Ou seja, os policiais seriam autorizados a andar armados sobretudo nos transportes públicos.

As condições para essa autorização seriam simples: portar também um bracelete que os identifique como policiais, para evitar problemas, ter suficiente experiência com as armas (um mínimo de horas de treinamento), e que seus superiores sejam avisados da intenção de portar armas fora do expediente. O porte de armas fora de serviço será facultativo para os policiais.

Paralelamente, a prefeitura de Paris prorrogou até domingo a proibição de manifestações públicas. Trata-se de um recurso previsto no estado de exceção que foi decretado na sexta-feira e que, após a votação parlamentar, deverá ser prorrogado por mais três meses, ou seja, até meados de fevereiro.

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