Ala radical do Syriza rompe com Tsipras e apresentará lista própria
Grupo faz críticas a Tsipras por “mostrar uma cara completamente oposta a do Syriza” Líder do Nova Democracia recebe incumbência de tentar formar o Governo
A corrente radical do partido Syriza, a Plataforma de Esquerda, anunciou na sexta-feira que apresentará lista própria nas quase certas eleições antecipadas gregas, após a renúncia do primeiro-ministro, Alexis Tsipras. As eleições serão realizadas em setembro a não ser que o presidente do partido conservador grego Nova Democracia, Vangelis Meimarakis, consiga formar o Governo depois de receber a incumbência do presidente da República, Prokopis Pavlopoulos.
O ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis e a presidenta do Parlamento, Zoi Konstantopoulou não estão no grupo Unidade Popular; os dois votaram contra o terceiro resgate na sexta-feira. Entre os 25 deputados rebeldes se encontram, entretanto, alguns dos ministros defenestrados por Tsipras em julho na remodelação do Governo, como o antigo número dois de Defesa, Kostas Ysichos, e o responsável pela Segurança Social, Dimitris Stratoulis. O conhecido economista Costas Lapavitsas também entrou na Unidade Popular.
O comunicado da Plataforma de Esquerda liderada por Lafazanis de que criará um novo partido continha sérias críticas a Tsipras por “mostrar uma nova cara completamente oposta a do Syriza”. “As eleições antecipadas decididas por Tsipras serão realizadas para enterrar o orgulhoso não da consulta [de 5 de julho], para enterrar a luta anti-resgate e as esperanças da população. Os gregos devem agora colocar a corda no pescoço e respaldar um novo memorando. A Plataforma de Esquerda, fiel aos compromissos do Syriza, congruentes com o não do povo grego, hasteia a bandeira da luta para sair da crise...”, diz o comunicado, feito horas antes de ser conhecida a formação do grupo parlamentar dessa facção, a mais importante e organizada do Syriza.
Com suas 25 cadeiras o grupo parlamentar de Lafazanis se transforma no terceiro mais importante da Câmara, superando os neonazistas do Aurora Dourada. Dessa forma, a incumbência de formar o Governo recairia sobre eles e não sobre o partido neonazista, como diz a Constituição. Com a formação de um grupo parlamentar a Plataforma de Esquerda poderá aproveitar também os privilégios dos partidos com representação parlamentar visando as futuras eleições.
A tentativa do Nova Democracia
Se Meimarakis não conseguir criar um Executivo, como preveem os analistas, a incumbência exploratória passará ao representante do Aurora Dourada, como terceira força parlamentar ou, caso contrário, ao partido saído da cisão do Syriza se finalmente formar seu próprio grupo parlamentar.
A data das eleições dependerá então de como os partidos irão trabalhar para formar o Governo, mas oscilariam entre o final de setembro e começo de outubro.
Tsipras renunciou na quinta-feira ao assegurar que seu mandato havia terminado após acertar o terceiro resgate com as instituições e que agora é o momento de o povo grego decidir mediante o voto se legitima sua gestão.