_
_
_
_

Bloqueio político provoca breve fechamento de um programa da NSA

Senado não evita a suspensão temporária do armazenamento de dados telefônicos

Marc Bassets
Uma manifestante com um adesivo que pede asilo para Snowden em um protesto contra a espionagem na Alemanha no sábado.
Uma manifestante com um adesivo que pede asilo para Snowden em um protesto contra a espionagem na Alemanha no sábado.PAUL ZINKEN (EFE)

A reforma da espionagem eletrônica nos Estados Unidos deu neste domingo um passo-chave. O Senado decidiu discutir uma lei que limitará os poderes da NSA (iniciais em inglês da Agência de Segurança Nacional). Mas o voto chegou tarde demais para evitar que a coleta de dados telefônicos ficasse suspensa por algumas horas ou dias. A lei atual, que regulamentava a espionagem da NSA, expirou à meia-noite, hora de Washington.

À meia-noite as autoridades deixaram de ter apoio legal para armazenar dados e outras ferramentas para espionar suspeitos. Antes do horário-limite, os senadores adiaram a seção até segunda-feira, quando retomarão os debates que antecedem a votação final da nova lei, possivelmente a partir de terça-feira. A NSA poderá reiniciar então o programa de vigilância telefônica. Não é possível prever as consequências que o lapso possa ter para a segurança nacional dos EUA.

A espionagem eletrônica norte-americana vive seu momento mais decisivo desde que, em 2013, o analista Edward Snowden revelou os segredos da NSA. O que se discutia na sessão extraordinária do Senado eram três opções: prolongar a atual legislação, que expira no dia 1º de junho e permite ao Governo dos EUA armazenar dados indiscriminadamente; deixar a lei expirar sem substituí-la por outra; ou substituí-la pela nova lei, que transferiria às companhias telefônicas o controle de dados.

Mais informações
Alemanha ajudou os Estados Unidos a espionar países europeus
EUA e Brasil preparam visita adiada de Dilma a Washington
Apple não obedecerá se a justiça pedir dados de usuários
A NSA coleta milhões de imagens de rostos de pessoas na Internet

A votação do Senado, com 77 votos a favor e 17 contra, abre o caminho para a confirmação da lei, já aprovada na Câmara dos Deputados, e para que o presidente Barack Obama possa sancioná-la. Mas o senador republicano Rand Paul, líder da ala crítica à NSA, impediu que isso acontecesse antes da meia-noite. Os críticos obtiveram uma vitória parcial e simbólica ao conseguir fechar um dos programas mais controvertidos do Governo.

"A Lei Patriótica expirará esta noite", comemorou Paul no plenário em alusão à lei que ampara o armazenamento de dados telefônicos, entre outras ferramentas de espionagem. O senador, que se opõe tanto à lei vigente quanto à sua versão reformada, quer atrasar o voto final tanto quanto possível. “Em última instância vocês terão a sua lei”, admitiu. Para Paul, candidato à indicação republicana para as eleições presidenciais de 2016, os debates sobre a reforma da NSA são um palanque eleitoral.

O debate no Senado mobiliza quem considera que a NSA é imprescindível diante das ameaças terroristas e quem defende que a vigilância telefônica viola as liberdades individuais. A disputa divide o Partido Republicano. De um lado, os falcões da segurança, liderados pelo senador Mitch McConnell, líder da maioria no Senado. De outro, o senador Paul e a ala libertária, que desconfia dos poderes invasivos de Washington, incluindo o de espionar.

A discórdia era em torno da seção 215 da Lei Patriótica, aprovada depois dos atentados do 11 de Setembro. A seção 215 permite recolher informações relevantes para as investigações de atos de terrorismo. O Governo dos EUA usou esse texto como base legal para o chamado programa de metadados. Os metadados são as informações sobre as chamadas telefônicas: a hora, a duração e o número. Não incluem o conteúdo, mas o cruzamento de milhões de dados sobre milhões de chamadas permite à NSA obter informações valiosas.

"É um assunto de segurança nacional", advertiu o presidente Barack Obama em seu discurso semanal. “Organizações como a Al Qaeda e o ISIL [um dos acrônimos em inglês para referir-se ao Estado Islâmico] não vão deixar de tramar contra nós a partir da meia-noite [do domingo]. E não deveríamos entregar a eles as ferramentas que nos mantêm em segurança. Seria irresponsável. Seria imprudente. E não devemos permitir que isso aconteça.”

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_