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Após Brasil, agora China corteja Colômbia, aliada dos Estados Unidos

Na segunda parada na região, premiê chinês Li Keqiang mira agricultura e infraestrutura

O premiê Li Keqiang e o colombiano Juan Manuel Santos.
O premiê Li Keqiang e o colombiano Juan Manuel Santos.M. D. C. (EFE)

A Colômbia é a segunda parada do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em seu giro pela América Latina. Chega depois de passar pelo Brasil, onde reforçou sua aliança econômica firmando 35 acordos de investimento. Embora a China seja o segundo parceiro comercial da Colômbia – está atrás só dos Estados Unidos, um aliado estratégico de Bogotá – e um importante investidor, esta é a primeira vez que um líder chinês de nível tão elevado visita o país.

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A previsão é que o encontro com o presidente Juan Manuel Santos se concentre em temas como agricultura, infraestrutura, educação, cultura e finanças e, com certeza, a etapa posterior ao conflito – se é que será firmada a paz com as FARC, como tudo parece indicar – vai pairar sobre os acordos que Keqiang assinará com Santos.

Em janeiro, durante uma visita a Pequim da ministra de Relações Exteriores, María Ángela Holguín, ela disse que a Colômbia tinha grande interesse nos aportes que as empresas chinesas pudessem fazer no setor agrícola, onde se concentra parte importante dos acordos que até agora foram firmados nos diálogos de paz com a guerrilha. “Sem dúvida, a tecnologia aplicada ao campo, assim como a melhoria da infraestrutura, são condições necessárias em nosso desenvolvimento agrícola e agroindustrial e, nesses setores, vemos grandes oportunidades para trabalhar juntos”, disse na época.

O presidente Santos também tem dado indícios. Há três anos ele insistiu diante de um grupo de empresários chineses que a Colômbia era um bom destino para o investimento em projetos de infraestrutura, entre eles um ambicioso plano para uma ferrovia para ligar o Atlântico e o Pacífico com potencial para rivalizar com o Canal do Panamá que foi mencionado em 2011, mas não saiu do papel. No entanto, o que agora preocupa os analistas na Colômbia é que a balança comercial com a China continua sendo deficitária, apesar de que entre 2013 e 2014 as exportações do país para o gigante asiático, em grande parte produtos de mineração e energia, aumentaram 12%.

Segundo cifras do Departamento Administrativo Nacional de Estatística, DANE, enquanto as importações provenientes da China somaram 11,15 bilhões de dólares (33 bilhões de reais) em 2014, as exportações colombianas só chegaram a 5,75 bilhões de dólares. Acrescente-se a isso que nos três primeiros meses do ano houve uma queda de 74,2% nas exportações para esse país, em especial pelos baixos preços do petróleo.

Daí que a tarefa pendente seja diversificar, algo que não é simples. “A oferta das exportações da Colômbia não é complementar com a demanda de produtos por parte da China, ao que se somam problemas de infraestrutura e logística que os tornam pouco competitivos”, explica David Barriga, presidente da Asia B Consulting. Ele esclarece que isso tem a ver com outro tipo de bens diferentes do petróleo, produto do qual depende a relação comercial entre os dois países. E aí há outra agravante. “A queda dos preços vai representar para nós uma diminuição de nossas exportações para a China.”

Por isso, o setor agrícola poderia ter grande potencial. “Argentina, Chile e Peru, sim, estão aproveitando, mas na Colômbia é preciso resolver primeiro problemas técnicos como as permissões sanitárias, o que por ora impede que tenhamos aberto esse mercado”, acrescenta Barriga.

As doações

Há 10 dias os dois países subscreveram um acordo de cooperação econômica e técnica pelo qual a China se comprometeu a doar mais de 8 milhões de dólares. Segundo informou a Chancelaria colombiana, esse dinheiro será utilizado para executar projetos que fortaleçam processos de várias instituições estatais, sem esclarecer quais seriam. No entanto, destacou que nos últimos anos o apoio da China ao país se concentrou na doação de computadores, veículos, aviões e bens para a dotação de um programa para crianças e adolescentes que vivem em regiões com altos índices de recrutamento por parte dos grupos armados.

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