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Morales destitui seu ministro de Defesa após incidente com o Chile

Boliviano ajudou afetados por temporal no Chile com colete que dizia “o mar é boliviano”

O ministro de Defesa da Bolívia, Jorge Ledezma.
O ministro de Defesa da Bolívia, Jorge Ledezma.ALEX FUENTES (EFE)

O presidente boliviano Evo Morales destituiu seu ministro de Defesa, Jorge Ledezma, depois que este causou um incidente diplomático com o Chile entregando uma doação boliviana aos afetados das inundações que sofre o norte deste país, vestido com um colete que dizia “o mar é boliviano”.

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Esta doação já tinha sido motivo de controvérsia, porque inicialmente o Consulado do Chile em La Paz afirmou que o país ainda não precisava de ajuda internacional e desautorizou o voo de um avião preparado pelo Governo boliviano. Finalmente, o Chile considerou suficientemente grave a situação e autorizou este tipo de apoio, e na segunda-feira, 30, Ledezma se apresentou com 13.000 litros de água na localidade de Copiapó, cidade situada em uma zona onde foram registrados quatro mortos e 22 desaparecidos pelas drásticas e incomuns chuvas da semana anterior. Em todo o norte chileno os mortos chegam a 23 e os desaparecidos, a 57. O texto no colete que usava o ministro boliviano foi questionado por alguns meios de comunicação chilenos presentes na entrega, aos quais Ledezma respondeu que não pretendia realizar “nenhum tipo de provocação”.

Já na Bolívia, o agora ex-ministro explicou que usava o colete como “seu instrumento de trabalho” e que não tinha por que ocultar o texto que ele continha. No entanto, frente às reações desfavoráveis, afirmou também, contraditoriamente, que não era o momento de falar na disputa marítima entre Bolívia e Chile “por respeito às famílias afetadas”.

Na terça-feira, o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, protestou publicamente. Afirmou que “a tragédia e a dor da catástrofe não devem ser utilizadas para propósitos políticos da campanha comunicacional boliviana (para a demanda marítima)”. No entanto, considerou que não valia a pena enviar uma nota de protesto à Bolívia. Por sua parte, o Senado chileno lamentou que “o Governo boliviano não tenha apresentado, até o momento, as desculpas correspondentes”. A resposta da Bolívia foi imediata e consistiu na destituição do Ministro que cometeu o deslize. Seu substituto será Reymi Ferreira, que foi o candidato derrotado à prefeitura de Santa Cruz nas eleições do último domingo.

Em 2011, a Bolívia apresentou uma demanda contra o Chile na Corte Internacional de Haia, para obrigar este país a resolver o conflito bilateral que se refere à Guerra do Pacífico, na qual a Bolívia perdeu sua saída ao mar. O Chile tenta suspender a ação argumentando que a demanda boliviana afeta o tratado de limites assinado pelos dois países em 1904, por isso está fora da jurisdição do Tribunal de Haia. Bolívia e Chile vão apresentar suas alegações orais em favor e contra da competência do Tribunal Internacional neste caso entre 4 e 8 de maio.

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