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Alô, Havana? Cuba e EUA já têm linha direta de telefone

Empresa norte-americana fecha primeiro acordo com estatal cubana de telecomunicações A Internet pode ser o próximo passo

Cubano usa telefone público em Havana.
Cubano usa telefone público em Havana.YAMIL LAGE (AFP)

Telefonar dos Estados Unidos para Cuba ficou mais fácil, e no futuro deve começar também a ficar mais barato. A empresa estatal cubana de telecomunicações, Etecsa, e uma empresa norte-americana, IDT, confirmaram a implantação de uma conexão direta entre os dois países. Não havia isso desde a imposição do embargo norte-americano à ilha, no começo dos anos sessenta, o que obrigava a fazer por meio de um terceiro país qualquer chamada.

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“O restabelecimento da comunicação direta entre EUA e Cuba contribui para oferecer mais facilidade e melhor qualidade na comunicação entre os povos das duas nações”, declarou a Etecsa em nota divulgada pela imprensa cubana. O anúncio é relevante, considerando que moram nos EUA quase dois milhões de cubanos emigrados, dos quais grande parte mantém contato próximo com seus familiares na ilha. “É um mercado significativo”, disse ao EL PAÍS Bil Ulrey, vice-presidente da IDT e responsável pelas relações externas da empresa.

Além disso, pode ser apenas o começo.

A própria empresa cubana deixou as portas abertas para novas aplicações do novo serviço –firmado no final de fevereiro, mas lançado em março, depois da aprovação oficial dos dois países– ao indicar que ele servirá “inicialmente” para chamadas internacionais.

É a mesma interpretação feita pela IDT, que chamou o acordo de “importante primeiro passo na liberação das telecomunicações entre EUA e Cuba”.

O acordo é o primeiro desse tipo entre uma empresa norte-americana e a ilha desde a mudança da política bilateral, em dezembro, mas as negociações começaram antes. Segundo Ulrey, a IDT fez contato com a Etecsa depois que as autoridades norte-americanas mudaram o marco regulatório, em 2010. A empresa cubana respondeu no ano passado, e desde então foram mantidas negociações “fluidas”, que resultaram nesse primeiro acordo.

Para Ulrey, a redução de preços -atualmente a tarifa é de cerca de 76 centavos de dólar (2,40 reais) por minuto- acontecerá quando mais empresas norte-americanas fecharam acordos semelhantes com Cuba, algo que disse não duvidar que ocorra em curto prazo.

A facilitação da comunicação com a ilha, especialmente o melhor acesso à Internet, é uma das prioridades do governo dos EUA nesta nova fase de “normalização” das relações, para a qual já foram realizadas duas rodadas de conversações entre altas autoridades de Havana e Washington.

Mas ainda não foi marcada a data da terceira reunião, embora depois do segundo encontro, em 27 de fevereiro, em Washington, a secretária de Estado adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, tenha anunciado que ao longo deste mês delegações norte-americanas viajariam a Havana para discutir assuntos específicos.

Um desses temas são as telecomunicações. Para isso irá a Havana, de 24 a 26 de março, uma delegação com integrantes de várias agências federais, liderada pelo coordenador de Comunicações Internacionais do Departamento de Estado, Danny Sepúlveda, segundo confirmou para este jornal uma fonte oficial.

O objetivo declarado: “trabalhar com o Governo cubano no aumento de sua capacidade, para uma maior conectividade da Internet, com o objetivo de melhorar o acesso dos cubanos à informação”, declarou Jacobson.

Junto com o turismo, especialmente as empresas aéreas e as agências de viagem, que já exploram ativamente a melhora na oferta de serviços à ilha, as telecomunicações são o setor que parece se mover mais rápido na aproximação com Cuba. Em fevereiro, a Netflix se adiantou até à capacidade geral de Cuba –onde apenas cerca de 5% da população tem acesso à Internet— ao anunciar que seu serviço de filmes por streaming já está disponível na ilha, mesmo que por enquanto esteja ao alcance de poucos.

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