Ex-espiões da CIA saem em defesa da agência após relatório sobre torturas
Eles afirmam que o relatório do Senado sobre as torturas está “cheio de erros”
Diante da avalanche de críticas suscitadas pelo relatório norte-americano que relata a “brutalidade” e a “ineficiência” das práticas de tortura empregadas pela CIA durante a era Bush, ex-espiões e antigos altos responsáveis reagiram com uma mensagem contundente: “A CIA salvou vidas”.
Esse é o nome do site (www.ciasavedlives.com) criado pela equipe – não mais vinculada à CIA – para responder com artigos, declarações e documentos tornados públicos ao relatório apresentado na terça-feira pela senadora democrata Dianne Feinstein, presidenta do Comitê de Inteligência que durante sete anos examinou as polêmicas práticas da CIA depois do 11 de setembro, como o “waterboarding”, ou afogamento simulado.
“Nós, como ex-altos funcionários da Agência Central de Inteligência, criamos este website para apresentar documentos que demonstram de forma cabal que o programa foi: autorizado pelo presidente, fiscalizado pelo Conselho de Segurança Nacional e considerado legal pelo procurador geral em diversas ocasiões”, destaca a declaração de intenções.
Com esses argumentos pretendem também rebater as conclusões do relatório do Senado, segundo o qual as práticas empregadas pela CIA foram “brutais” e, apesar disso, “ineficazes”, já que não conseguiram arrancar os testemunhos desejados.
O relatório de Feinstein está “infestado de erros factuais e de interpretação” e além disso “não corresponde absolutamente à realidade que os líderes e funcionários da CIA viveram”, dizem sobre o documento, ao que também qualificam como “o pior exemplo de supervisão do Congresso em todos seus anos de serviço para o governo”.
O site “constitui um lugar único para a outra parte” que defende a CIA, explicou à revista Foreign Policy Bill Harlow, porta-voz da Agência Central de Inteligência durante o Governo Bush, período enfocado pelo devastador relatório do Senado.
Também colaboram no site os ex-diretores da CIA Michael Hayden e George Tennet. Este último afirma que com os documentos que apresentaram – e continuarão apresentando – vão demonstrar que “em momentos de séria ameaça aos Estados Unidos, o programa serviu para salvar vidas de norte-americanos e aliados, além de prevenir outro ataque mortal de grandes proporções em território americano”.
Com a publicação do relatório, antigos altos membros da CIA e do próprio Governo Bush aumentaram sua presença na mídia nas últimas semanas, e sobretudo nos últimos dias, para defender a atuação dos agentes. A eles se juntou até o ex-presidente Bush que, falando à CNN no domingo, descreveu os funcionários como “gente muito boa” e “patriotas”.