OMS assume falhas na gestão do ebola: “Não vimos a tempestade”
Relatório interno revelado pela AP diz que os envolvidos “ignoraram detalhes óbvios”
Um documento interno da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao qual a agência Associated Press teve acesso, reconhece erros da instituição na gestão da crise do ebola, motivados por pessoal pouco competente e falta de informações. “Quase todos os envolvidos na resposta”, segundo o documento, “ignoraram detalhes óbvios”. “Uma tempestade perfeita estava sendo engendrada, pronta para estourar com toda a força”, revela o texto, sobre o qual a OMS não quis fazer comentários, argumentando que se trata de um “primeiro rascunho” que descreve “fatos não verificados sobre uma análise em andamento”.
O documento admite “a falta de esmero” da OMS em suas tentativas de deter o surto de ebola na África, e questiona a capacidade da organização para se dar conta de que os métodos tradicionais de contenção das enfermidades não iam funcionar em uma região como a África Ocidental, onde os sistemas de saúde não estão desenvolvidos e as fronteiras são muito porosas.
Além disso, o texto responsabiliza pelas falhas a complexa burocracia da OMS. Os chefes de suas divisões africanas eram “nomeações políticas” feitas pelo responsável pela delegação da organização na África, Luis Sambo, designado pelos Estados membros africanos, e não pela autoridade máxima da organização, Margaret Chan.
Sambo começou a exibir um comportamento desconectado da sede da organização e em 22 de setembro declarou que o surto de ebola estava “quase totalmente contido”, uma avaliação que não era compartilhada de modo algum pela diretora da OMS.
A Organização Mundial da Saúde rejeitou reconhecer o documento revelado pela AP. “Não vamos desviar nossos recursos atuais, que são limitados, para fazer uma análise detalhada de uma resposta prévia. Nossa análise chegará, mas somente quando esta crise tiver acabado”, afirmou a OMS em um comunicado.
A organização atualizou na sexta-feira a cifra de contaminados e mortos pelo ebola, que açoita com virulência a África Ocidental: o número de infectados ultrapassou a barreira dos 9.000 (9.216), enquanto o de mortos já chega a 4.555. O número de vítimas se multiplica por dois a cada mês.
A OMS prevê ainda que em dezembro sejam registrados entre 5.000 e 10.000 contágios por semana, segundo antecipou em 14 de outubro Bruce Aylward, diretor-geral adjunto da OMS e coordenador das operações de luta contra o surto. Esse seria o pico. Posteriormente, deve ocorrer uma redução paulatina dos casos até, finalmente, ser possível controlar a epidemia.
Aylward afirmou haver duas questões que preocupam especialmente a OMS: que a doença segue em expansão “geograficamente nos três países” afetados pela epidemia (Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa) e que os casos continuem sendo detectados às centenas nas capitais. Apesar das cifras, o porta-voz se mostrou convencido de que a epidemia pode ser controlada.
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