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RENOVAÇÃO POLÍTICA NA ESPANHA

O partido socialista espanhol inicia sua renovação e elege novo líder

Sánchez obtém 49% dos votos dos militantes, contra 36% do deputado basco Eduardo Madina Os votos da Andaluzia, os mais numerosos, foram decisivos para a vitória do novo líder socialista

Anabel Díez
Pedro Sánchez saúda os militantes.
Pedro Sánchez saúda os militantes.Samuel Sánchez

O deputado madrilenho Pedro Sánchez, de 42 anos, ganhou as primárias abertas do PSOE e será o novo secretário-geral dos socialistas espanhóis, com a missão de renovar a agremiação e tirá-la do marasmo em que se encontra depois das últimas eleições europeias, nas quais fracassou. Após da demissão do secretário-geral anterior, o veterano ex-ministro Alfredo Pérez Rubalcaba, em decorrência dos resultados ruins nas eleições europeias, o PSOE enfrenta agora uma nova etapa, sendo dirigido por uma nova geração.

Com a apuração virtualmente concluída, Sánchez obtém 49% dos votos dos militantes, contra 36% do deputado basco Eduardo Madina e 15% de José Antonio Pérez Tapias.

Os votos da Andaluzia, os mais numerosos, foram decisivos para a vitória de Sánchez, que recebeu 61,27% das preferências nessa região do sul da Espanha. Logo depois das 22h30 (17h30 em Brasília), o ganhador foi recebido pelos militantes reunidos na sede nacional do PSOE, aos gritos de “Pedro, Pedro!”. Estava acompanhado do seu antecessor no cargo, Alfredo Pérez Rubalcaba, e pelos outros dois aspirantes à liderança do partido, Eduardo Madina – que já havia cumprimentado o rival pelo Twitter – e José Antonio Pérez Tapias.

Pedro Sánchez assegurou que será o “secretário-geral da unidade”. “Vamos mudar o PSOE para mudar a Espanha”, proclamou, entre aplausos. “Não sobra ninguém, pelo contrário, falta gente. E todo aquele que quiser aproximar o ombro vai contar com este secretário-geral”, declarou o virtual ganhador, ao propor aos seus dois concorrentes que participem da futura Executiva. A nova direção “vai estar tão à esquerda quanto a militância de base”, prometeu também. Rubalcaba, por sua vez, sublinhou que Sánchez “deve ter o orgulho de ser o primeiro secretário-geral que os militantes puderam escolher”.

O deputado madrilenho foi o candidato mais votado em 12 comunidades autônomas. Além de se impor claramente na Andaluzia, ganhou em regiões relevantes como o País Basco, a Comunidade Valenciana e Madri. Com quase 75% dos votos apurados, Sánchez vencia também na Galícia, Aragão, Castela-La Mancha, Baleares, La Rioja, Canárias e Múrcia, embora neste caso por uma apertada margem de votos.

Eduardo Madina, por sua vez, ganha na Catalunha, nas Astúrias, na Extremadura, em Castela-Leão, na Cantábria e em Navarra. Madina venceu ainda na cidade de Ceuta, enquanto Sánchez ganhou em Melilla. Entre os eleitores socialistas no resto da Europa, o resultado foi favorável ao parlamentar basco, ao passo que seu rival madrilenho venceu nas Américas.

Todos os temores em torno da participação nestas primárias se dissiparam ao longo da jornada. Às 18h (11h em Brasília), 55% dos 197.000 militantes socialistas inscritos já haviam votado. Assim, em sua primeira eleição interna direta, o PSOE superou em votos o número de apoios recolhidos pelos três candidatos, perto de 80.000. Excetuando-se alguns atrasos na abertura das urnas em pequenas localidades espanholas, transcorreu até agora sem incidentes esse processo “inédito e insólito”, como apontou nesta manhã a presidenta (governadora) da Andaluzia, Susana Díaz.

Hoje, as declarações dos candidatos e dirigentes do PSOE se centraram na convocação às urnas. Todos sabiam que, além da relevância de quem fosse eleito, também estava em xeque esse sistema de escolha da cúpula do PSOE pelo voto direto e universal dos filiados. Se fossem dadas as costas a esse procedimento, o dirigente que terminasse eleito não teria a legitimidade buscada. Tanto para Pedro Sánchez como para Madina, e também para Pérez Tapias, a mobilização era essencial.

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