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Empresa prepara drones para salvar cães ilhados pela lava em La Palma

Animais, refugiados em tanques inacessíveis por causa da erupção, já foram alimentados por via aérea

Guillermo Vega

Na semana passada, quatro cães da raça podengo-andaluz ficaram retidos em dois tanques do bairro de Todoque, uma das primeiras localidades a serem quase totalmente engolidas pela lava do vulcão de La Palma. As imagens feitas pela empresa local de drones Ticom Soluciones provocou o clamor de centenas de habitantes da ilha e de outros milhares de usuários das redes sociais, que cobravam uma solução para evitar sua morte —o que já aconteceu com pelo menos um deles.

Durante a última semana, a Ticom e a empresa Volcanic Life se encarregaram de levar água e comida aos cachorros. Esse trabalho é feito com drones leves, de menos de 250 gramas de peso. O tempo, entretanto, está se esgotando para os animais. A solução pode passar por uma terceira companhia. A Aerocamaras, com sede na região espanhola da Galícia, diz estar trabalhando há uma semana no desenvolvimento de uma tecnologia que permita não só alimentar como resgatar os animais presos nos tanques.

“É uma manobra sem precedentes, nunca se fez isso no mundo. Mas é isso, ou permitir que morram”, diz o executivo-chefe da empresa, Jaime Pereira, em conversa telefônica com o EL PAÍS. Segundo ele, a Aerocamaras está adaptando um aparelho que foi desenvolvido anteriormente para transportar mercadorias até os navios que atravessam o estreito de Gibraltar. Esse drone mede 2,5 metros de diâmetro, é capaz de carregar 24 quilos e se mostra “muito estável na hora de transportar cargas”.

Claro que uma coisa é levar caixas de comida, e outra é suspender seres vivos. “O sistema de captura é o mais complicado”, explica o executivo. O dispositivo teria que cobrir um trajeto de 450 metros na ida e outros tantos na volta. Para o momento crucial, o departamento de engenharia preparou uma rede que é capaz de descer rígida, com uma isca de comida úmida no meio. “O importante é atrair o cachorro para o centro da rede”, explica. Esta tarefa poderia ser feita por dois drones de monitoramento, além do aparelho de resgate. Uma vez que o animal entre, o drone principal se ergueria, deixando o cão preso na rede. Só um de cada vez. “Se houver algum problema, prevemos um sistema de liberação rápida para voltar a deixar o animal no chão.”

A Aerocamaras enfrenta uma dificuldade que excede o tecnológico: o que pretendem fazer é ilegal. A legislação atual não permite transportar pessoas nem animais em drones. Além disso, esses cães se encontram em uma zona de exclusão devido à emergência vulcânica, razão pela qual o voo de drones está fortemente restringido. Pereira diz que a empresa que ele dirige já entregou toda a documentação necessária ao Posto de Comando Avançado que foi instalado no centro de visitantes do Parque Nacional da Caldeira do Taburiente, que é o organismo que administra a crise vulcânica in loco. “Apoiamos aos serviços de emergência”, afirma o representantes da Aerocamaras. “Sabemos que eles têm muitos problemas mais urgentes que este. Eles têm toda a informação da emergência e sabem quais são as prioridades.” Por isso, esperarão seu aval antes de começar a levar o equipamento de Lalín, na Galícia, até a ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias.

Para isso, a Aerocamaras pede ajuda das empresas de transporte e logística. “São 90 ou 100 quilos de material, e isso sem contar os pilotos.” Uma empresa andaluza se ofereceu para ajudar com o frete do avião. “O importante é que nos levem já para lá.”

A associação protetora de animais Leales, muito ativa nos últimos dias na busca por uma solução para o drama dos podengos-andaluzes, usou sua conta no Twitter para insistir às autoridades para que eliminem todos os entraves legais ao resgate.

Os drones estão sendo importantes protagonistas tecnológicos desta erupção, pois permitiram aos cientistas, aos serviços de emergência e aos meios de comunicação obter imagens de lugares que a lava tornou inacessíveis. Nos primeiros dias da erupção, um destes aparelhos, manipulado pelo piloto amador Antonio Carrillo, serviu para que muitos moradores verificassem o estado dos seus imóveis atingidos pela língua de lava. Carrillo acabou sendo proibido de voar seu drone, pois isso violava a legislação vigente, o que causou um enorme protesto popular, com centenas de mensagens nas redes sociais.

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