Renée Zellweger: “Sofri pressão por minha imagem, mas não me afetou tanto quanto `a Marilyn Monroe”
A atriz ganhou o Globo de Ouro no domingo, por sua interpretação de Judy Garland no ‘biopic’ ‘Judy’.
Sons guturais, cobras e lagartos. Assim diz Renée Zellweger (Katy, Texas, 1969), que faz soar a voz nos ouvidos de seus cães, Chester e Nellie. Ela mesma confirma que canta muito mal, apesar da indicação ao Oscar que obteve cantando em Chicago. Falsa modéstia dessa estrela que acaba de cruzar o limiar dos 50 anos e que protagoniza um retorno em grande estilo: pode ganhar a segunda estatueta de sua carreira — recebeu a primeira em 2003 por Cold Mountain, como Melhor Atriz Coadjuvante — por sua transformação para se tornar a cantora e atriz Judy Garland em Judy, um biopic que chega aos cinemas em 16 de janeiro. Depois que esta entrevista foi feita, ganhou um Globo de Ouro por esse papel.
Pergunta. Vendo seu trabalho é impossível acreditar em você quando diz que canta mal.
Resposta. Pergunte aos meus cachorros! Eles se encolhem embaixo do piano e tem canções que não gostariam de ouvir novamente. Nem eu mesma sabia o que poderia acontecer quando cantasse, mas estava disposta a experimentar e me lancei nisso sem mais delongas.
P. De onde nasce a Judy Garland que você ressuscitou?
R. Não posso falar no singular, Judy é produto de um trabalho coletivo: Ginny e seu figurino, Jeremy e Rob e sua maquiagem, Andrew no piano... Demorou um tempo e às vezes o processo se complicava, mas quanto mais me afastavam de mim mesma, melhor ficavam as coisas. Não se tratava de imitar, mas de encontrar sua essência. Todos nós temos uma conexão especial com Over the Rainbow, um tema nostálgico que nos leva de volta à infância. A presença de Judy é lembrada de geração em geração porque ela é alguém com quem podemos nos identificar, sentir sua incompreensão, sua vulnerabilidade.
P. O filme ressalta o peso que adquire a importância da imagem para uma figura pública, algo que você também experimentou. Foi o ponto de conexão com essa história?
R. Acredito que todas as mulheres, especialmente se você vive nos Estados Unidos, sofrem esse escrutínio. Vivemos em um mundo onde o que importa são as aparências. Eu vivi isso, mas felizmente não até o grau que afetou estrelas como Marilyn Monroe. Ou Judy Garland. Esperava-se que dessem tudo assim que pisassem na rua. Nem quero imaginar o quão esmagador isso deve ter sido. Agradeço porque pertenço a outra época. As mulheres da minha geração têm maior autonomia e fazem ouvir sua voz como Judy nunca pôde.
P. Mas agora parece mais difícil deixar uma marca tão profunda quanto a que ela deixou no mundo do cinema.
R. É uma pergunta interessante, porque implica que o único objetivo em Hollywood é ficar lá para sempre. Como se fosse impossível se afastar de Hollywood e o que isso implica. Meu único objetivo foi não ter de continuar trabalhando como garçonete para pagar o aluguel. Poder me manter com o que recebesse trabalhando como atriz.
P. Você conseguiu isso e muito mais. Inclusive se afastou de Hollywood por um tempo, embora tenha decidido voltar. Dizem que Salma Hayek lhe deu o empurrãozinho necessário para fazer isso.
R. Oh, Salminha! Vibrante, bonita, pura efervescência e ao mesmo tempo um poço de sabedoria. Foi ela quem me disse aquilo de “uma rosa não pode florescer o ano todo, a menos que seja de plástico”. E quanta razão ela tinha! É uma ironia que a vida não nos deixe mais tempo para estarmos juntas.
P. Como você encara ter completado 50 anos nessa indústria nunca disposta a envelhecer?
R. Como uma menina! Tudo volta a ser novo! Não sei como descrever. Já fiz tudo e agora reinvento outra vez. Os 50 anos são como nascer de novo! Adoro essa redescoberta que vem sem as lições que você precisa aprender quando tem 20 e 30 anos.
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