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Quatro policiais que reagiram à invasão do Capitólio se suicidaram

Dois agentes tiraram a própria vida no último mês. Comandantes incentivam os colegas a procurarem ajuda profissional em caso de necessidade

Antonia Laborde
Asalto al Capitolio en Estados Unidos
Agentes da polícia jogam gases lacrimogêneos para dispersar os seguidores de Trump durante a invasão do Capitólio.Shannon Stapleton (Reuters)

O departamento de polícia do Distrito de Colúmbia (onde fica Washington) informou nesta segunda-feira que dois policiais que confrontaram a invasão do Capitólio em 6 de janeiro se suicidaram no último mês. Com isso, chega a quatro o número de agentes que tiraram a própria vida depois de participarem da reação ao ataque perpetrado por simpatizantes do então presidente Donald Trump. A CPI da Câmara de Representantes (deputados) que investiga o incidente, instaurada na semana passada, está abordando as sequelas psicológicas dos agentes que trabalharam naquele trágico dia. “O que todos passamos nesse dia foi traumático”, afirmou na terça-feira passada o agente Harry Dunn à comissão, e “não há absolutamente nada de mau em procurar ajuda profissional”, acrescentou.

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Gunther Hashida, de 43 anos, agente do Departamento de Polícia Metropolitana (MPD, na sigla em inglês), foi achado morto em sua casa na quinta-feira passada. Ele servia na Equipe de Resposta a Emergências, dentro da divisão de Operações Especiais do departamento de polícia, para o qual entrou em 2003. “Estamos em luto como departamento. Nossos pensamentos e orações estão com a família e amigos do agente Hashida”, afirmou em nota o porta-voz do MPD, Kristen Metzger.

Horas antes desse anúncio, a polícia informou que o agente Kyle DeFreytag, de 26 anos, se suicidou em 10 de julho. O jovem passou cinco anos como agente do MPD, sendo em 6 de janeiro um dos responsáveis por impor o toque de recolher em Washington e proteger o Capitólio quando a multidão trumpista já havia se dispersado. Ao todo, 140 agentes ficaram feridos naquele dia, e quatro pessoas morreram por causa das agressões que foram vistas no mundo todo pela televisão.

O anúncio das mortes de DeFreytag e Hashida ocorreu uma semana depois de quatro agentes deporem na CPI da Câmara sobre o que viveram naquela violenta jornada de 6 de janeiro. “Assim é como vou morrer, defendendo esta entrada”, pensou em meio à confusão o sargento Aquilino Gonell, do corpo que protege o Congresso. “Nunca na vida tinham me chamado nigger [termo pejorativo para negros] vestindo este uniforme”, afirmou Dunn à comissão composta por sete deputados democratas e dois republicanos, cuja tarefa é investigar os fatos e razões da invasão, paralelamente à apuração da Justiça, e fazer recomendações aos corpos de segurança.

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As duas novas mortes anunciadas se somam às de Jeffrey Smith, que atuou como policial durante 12 anos, e do agente do Capitólio Howard Liebengood, que se matou em janeiro, depois da invasão. Um relatório recente do Senado sobre as falhas de segurança que impediram a contenção da multidão trumpista menciona Smith e Liebengood entre os que “finalmente perderam a vida” devido à insurreição no Capitólio. O Departamento de Justiça já abriu processos contra mais de 550 pessoas relacionadas com os violentos protestos que – com base em infundadas alegações de fraude lançadas por Trump – buscavam impedir a ratificação do resultado das eleições presidenciais que deram a vitória a Joe Biden.

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