Raúl Castro reaparece em comício de “reafirmação revolucionária” após protestos em Cuba

Presidente Díaz-Canel denuncia que aquilo que o mundo vê sobre a ilha nas redes sociais “é uma mentira”

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel (esquerda), e Raúl Castro participam neste sábado, em Havana, de um ato de apoio à revolução
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel (esquerda), e Raúl Castro participam neste sábado, em Havana, de um ato de apoio à revoluçãoErnesto Mastrascusa (EFE)
Mais informações
(FILES) In this file photo taken on November 20, 2020 Cuban-US citizens carry luggage as they leave the Jose Marti International Airport in Havana. - Travelers arriving in Cuba can now bring in food, medicine and other essentials without paying customs, the government said on July 14, 2021 in a concession to angry and unprecedented street protests. (Photo by Yamil LAGE / AFP)
EUA avaliam se têm “capacidade tecnológica” para restabelecer a internet em Cuba
Trabajadores de temporada, provenientes de Santiago de Cuba, esperan el comienzo de la jornada en una de las granjas de Güira de Melena. Muchos jornaleros llegan a las zonas rurales cercanas a La Habana desde otras provincias de Cuba, atraídos por las nuevas legislaciones que promueven la creación de puestos de trabajo agrícola. Tras la llegada de Raúl Castro a la presidencia, el Gobierno cubano se marcó como prioridad incrementar la productividad agraria para así poder reducir las importaciones de comida que le cuestan a Cuba cientos de millones de dólares al año. En 2012, dentro del programa nacional de agricultura suburbana, se liberaliza la iniciativa privada en muchas granjas del país, en un intento de incentivar e incrementar la producción de alimentos. Ahora, la mayoría de fincas de Güira de Melena ya no son estatales, sino privadas.
Pior crise econômica em 30 anos alimenta descontentamento social em Cuba
TOPSHOT - Cubans take part in a demonstration in support of Cuban President Miguel Diaz-Canel's government in Arroyo Naranjo Municipality, Havana on July 12, 2021. - Cuba on Monday blamed a "policy of economic suffocation" of United States for unprecedented anti-government protests, as President Joe Biden backed calls to end "decades of repression" on the communist island. Thousands of Cubans participated in Sunday's demonstrations, chanting "Down with the dictatorship," as President Miguel D�az-Canel urged supporters to confront the protesters. (Photo by YAMIL LAGE / AFP)
Grupos próximos ao Governo de Cuba tomam as ruas para silenciar o protesto

O abalo provocado pelos protestos ocorridos no dia 11 em diversas localidades de Cuba, que em alguns lugares foram marcados por atos de violência e distúrbios que deixaram um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos, levou as autoridades a organizar, neste sábado, atos de “reafirmação revolucionária” nas principais cidades do país. Em Havana, o cenário foi o Malecón, em frente à embaixada americana, onde se reuniram milhares de pessoas —100.000, segundo as autoridades— lideradas pelo presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e por Raúl Castro, que apareceu em público pela primeira vez depois das desordens dos últimos dias, o que dá uma ideia das importantes consequências políticas que tiveram.

No palanque, Díaz-Canel voltou a acusar Washington de estar por trás das manifestações e de manipular as redes sociais para provocar a desestabilização do país: “No apogeu da mentira, circulam imagens e notícias falsas. Neste momento, o que o mundo está vendo de Cuba é uma mentira: um povo levantado contra seu Governo e um Governo que reprime seu povo”.

O presidente cubano afirmou que atualmente a Internet está repleta de fake news e de imagens falsas, e disse que se trata de uma “manipulação” totalmente planejada. “Nenhuma mentira foi levantada por engano. Está tudo friamente calculado”, enfatizou, denunciando que nos dias anteriores às manifestações ocorreu “uma intoxicação midiática” financiada de Miami. “Seu objetivo era fomentar distúrbios e instabilidade no país, aproveitando a crise pela pandemia, pelo recrudescimento do bloqueio e pelas mais de 240 medidas impostas por Trump contra Cuba. Conclamaram à violência, ao vandalismo e à sabotagem. O Twitter desconsiderou as denúncias legítimas de usuários e veículos de imprensa sobre essa campanha nas redes sociais. Pretendem contar a história ao contrário. A interpretação mal-intencionada é que foi convocada uma guerra civil”, afirmou.

Segundo Díaz-Canel, Cuba está “sob o fogo sofisticado de uma ciberguerra” e, por isso, o “bombardeio midiático carregado de violência, sangue, alaridos, ameaças, perseguição e repressão não teve pausa nestes dias”. “Parem com as mentiras, as infâmias e o ódio. Cuba é profundamente alérgica ao ódio e nunca será uma terra de ódio”, pediu, apontando sempre o EUA como o principal responsável pelo ocorrido.

Nos últimos dias, Havana e Washington voltaram à linguagem do confronto direto, iniciando uma nova escalada diplomática depois dos protestos. Na sexta-feira, Díaz-Canel acusou Washington de ter “fracassado em sua tentativa de destruir Cuba”, apesar de ter “esbanjado bilhões de dólares” para isso. Com essas palavras, respondeu ao presidente americano, Joe Biden, que disse na véspera que a ilha era um “Estado falido” que reprimia seus cidadãos.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Díaz-Canel utilizou sua conta no Twitter para publicar uma longa sequência defendendo Havana e criticando Washington. “Um Estado falido é aquele que, para agradar a uma minoria reacionária e chantagista, é capaz de prejudicar 11 milhões de seres humanos, ignorando a vontade da maioria dos cubanos, dos americanos e da comunidade internacional”, disse, referindo-se ao embargo econômico que pesa sobre a ilha há 60 anos e ao reforço das sanções durante o mandato de Donald Trump. “Se o presidente Joseph Biden tivesse uma preocupação humanitária sincera pelo povo cubano, poderia eliminar as 243 medidas aplicadas pelo presidente Donald Trump, incluídas as mais de 50 impostas cruelmente durante a pandemia, como primeiro passo para o fim do bloqueio”, escreveu Díaz-Canel.


Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS