Biden descarta passar a Trump informações sigilosas por “comportamento errático” do ex-presidente

Novo presidente dos EUA defende rompimento da tradição de fornecer informações de inteligência aos ex-presidentes, alegando que o republicano “pode deixar algo escapar algum dia”

O presidente dos EUA, Joe Biden, antes de embarcar para Delaware nesta sexta-feira.MANDEL NGAN (AFP)
Washington -
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considera que seu antecessor na Casa Branca, Donald Trump, não deveria receber as informações de inteligência geralmente transmitidas a ex-mandatários, devido ao “comportamento errático” que demonstrou. Com estas declarações, na sua primeira entrevista televisiva como presidente, o mandatário democrata vai um passo além do que sua Administração vinha debatendo nos últimos dias, sobre a conveniência de pedir um parecer sobre o tema a profissionais de inteligência. “Simplesmente acho que não há necessidade de que [Trump] receba as sessões informativas de inteligência”, disse Biden na entrevista à CBS. “Que valor tem lhe dar essa informação? Que impacto ele tem, além do fato de poder deixar algo escapar algum dia?”, afirmou o recém-empossado ocupante da Casa Branca.

Na entrevista, Biden se refere ao “comportamento errático” de seu antecessor, “não relacionado com a insurreição”, em referência à invasão do Capitólio em 6 de janeiro, cometida por hordas de seguidores que agiram incitados pelo próprio Trump, conforme alegarão os democratas no julgamento do impeachment previsto para a semana que vem no Senado. A entrevistadora da CBS, Norah O’Donnell, perguntou a Biden sobre suas declarações, no passado, de que Trump representa uma ameaça existencial para os EUA, e o presidente Biden afirma que continua entendendo assim.

Todos os presidentes que deixam o cargo levam consigo segredos nacionais – incluindo os procedimentos para lançar bombas atômicas e informações sobre o desenvolvimento de armas e operações de inteligência. Durante seus anos na presidência, Trump revelou indevidamente informações sigilosas para atacar adversários ou intimidar outros governantes.

Isso, somado ao fato de não reconhecer a legitimidade do atual presidente e seu ressentimento contra um suposto Estado profundo que teria conspirado para afastá-lo do poder, faz que, desde a troca de comando na Casa Branca, em 20 de janeiro, sucedam-se vozes de ex-funcionários e analistas manifestando sua preocupação com a possibilidade de que Trump, de maneira intencional ou não, revele informações sigilosas.

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