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Crime organizado golpeia o México com o assassinato de um ex-governador

Aristóteles Sandoval, de 46 anos, foi morto pelas costas na madrugada desta sexta-feira no banheiro de um restaurante de Puerto Vallarta

Sonia Corona
Aristóteles Sandoval com Enrique Peña Nieto, em uma foto de arquivo.
Aristóteles Sandoval com Enrique Peña Nieto, em uma foto de arquivo.Fernando Carranza (Fernando Carranza)
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O crime organizado voltou a golpear o México com força. O ex-governador de Jalisco Aristóteles Sandoval morreu na madrugada desta sexta-feira em um atentado em um restaurante na cidade turística de Puerto Vallarta. O político do Partido Revolucionário Institucional (PRI), de 46 anos, que chefiou o Governo do Estado de 2012 a 2018, foi baleado várias vezes nas costas no banheiro de um restaurante, conforme relatado pelo Ministério Público local. O ataque, que ocorreu à 1h40, horário local, mais uma vez tem como alvo políticos de destaque que procuraram enfrentar a onda de violência decorrente dos crimes relacionados com os cartéis de drogas.

“O ex-governador se levanta da mesa, vai ao banheiro e no banheiro é atacado por um sujeito de modo direto com uma arma de fogo pelas costas”, resumiu o promotor Gerardo Solís, logo pela manhã, em mensagem divulgada pelo Ministério Público. Sandoval morava em Guadalajara, a capital do Estado, e tinha ido a Puerto Vallarta para descansar por alguns dias. De acordo com o relato das autoridades, o ex-governador estava naquela cidade desde 12 de dezembro e contava com uma escolta, cedida pelo Estado, de cerca de 15 pessoas. Na noite de quinta-feira, por volta das 22 horas, Sandoval chegou ao bar Distrito 5, na avenida Francisco Medina Ascencio, a principal do porto. Lá ele se encontrou com três outras pessoas, cujas identidades não foram divulgadas: dois homens e uma mulher. Três horas depois, ele se separou do grupo e foi atacado.

Os guarda-costas do ex-governador entraram no banheiro para tentar resgatá-lo e levá-lo ao hospital. “Quando estavam tentando retirá-lo, foram recebidos com uma série de tiros”, disse o procurador Solís. As autoridades estimam que um grupo de oito a dez pistoleiros atacou os seguranças de Sandoval com rajadas quando o estavam transferindo gravemente ferido para o hospital particular Joya, onde foi atestada a sua morte. Um vídeo, veiculado nas redes sociais, mostra o momento em que os agressores disparavam nos veículos em que o ex-governador era transferido.

O procurador denunciou na mídia que os responsáveis pelo restaurante onde ocorreu o ataque ordenaram a limpeza da cena do crime e que, até aquele momento, estavam se negando a entregar as gravações das câmeras de segurança do estabelecimento. As autoridades não haviam detido ninguém pelo atentado. “Está sendo feita uma varredura em toda a área e aguardamos o resultado da autópsia para determinar as causas da morte, mas é evidente que foi pelos tiros”, acrescentou o procurador.

Este é o segundo ataque do crime organizado nos últimos seis meses contra uma pessoa de destaque na política mexicana. Em junho, um grupo armado emboscou em um ataque espetacular o secretário de Segurança Pública da Cidade do México, Omar García Harfuch, que sobreviveu e atribuiu a investida ao Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), um dos grupos mais temidos do México, que ele combateu em outros cargos públicos.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, lamentou a morte do político e declarou que a investigação ficará em mãos do Governo de Jalisco e que a Guarda Nacional servirá de apoio na região para as operações de segurança. “É um assunto que vai ser investigado para que se conheça a causa, o motivo, e que os responsáveis sejam punidos”, disse no início de sua coletiva matinal de sexta-feira. O atual governador, Enrique Alfaro, também expressou em sua conta no Twitter sua “solidariedade” à família de Sandoval “nestes momentos tão difíceis” e ordenou que o Gabinete de Segurança se desloque para Puerto Vallarta para conduzir as investigações.

Sandoval foi um dos governadores alçados pelo PRI durante o Governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018) e fez parte do que se chamou de “novo PRI”, cujos membros mais destacados eram uma geração de jovens políticos. Durante seu Governo, a violência relacionada ao tráfico de drogas aumentou e o CJNG ampliou seu poder na região ao mesmo tempo em que disputava território com o Cartel de Sinaloa. “No caso da segurança não conseguimos consolidar um modelo para ter uma força policial forte, tem havido muita descoordenação”, reconheceu em entrevista em 2017 a este jornal.

Em seu mandato houve episódios em que o crime organizado atingiu o Estado. Em maio de 2018, poucos meses antes do fim do Governo de Sandoval, um grupo armado tentou assassinar o ex-procurador de Jalisco Luis Carlos Nájera quando saía de um restaurante em um dos bairros mais movimentados da cidade de Guadalajara. Sandoval declarou que o atentado contra Nájera havia sido uma resposta do CJNG às ações de seu Governo para combater seus crimes. “A posição do meu Governo é a de não negociar, não dialogar com os criminosos e não cruzar os braços”, disse então. Desde o começo de seu Governo Sandoval recebeu advertências do cartel: oito dias após o início de seu mandato, um grupo de pistoleiros assassinou o secretário de Turismo, José de Jesús Gallegos.


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