Cachorros voltam a ser bem-vindos na Casa Branca

Com seus dois pastores alemães, Joe Biden recupera a bicentenária tradição, interrompida por Trump, de que os presidentes dos EUA tenham animais de estimação

Cachorro de uma eleitora democrata com um lenço onde se lê uma mensagem de apoio a Biden e Harris.AFP
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A carreira de Major foi mais meteórica que a de Joe Biden, embora nos últimos dois anos tenham caminhado lado a lado: ele passou de um refúgio para animais abandonados à perspectiva de estar vivendo na Casa Branca dentro de dois meses. O agora presidente-eleito dos EUA acolheu este pastor alemão antes de adotá-lo. A partir de janeiro, viverá na residência oficial com o outro cachorro da mesma raça, Champ, de 12 anos, que está com a família Biden desde que nasceu.

Major e Champ (de campeão) nem imaginam que, quando puserem suas patas no pórtico norte do edifício, estarão fazendo história. Ou melhor, recuperando-a: durante mais de um século, todos os chefes de Estado norte-americanos tiveram pelo menos um animal de estimação. Só Donald Trump foi a exceção, quebrando uma tradição tão arraigada que existe inclusive um Museu das Mascotes Presidenciais, aponta o historiador que mantém as estatísticas nessa instituição, citado pelo The New York Times.

Foram os netos do presidente-eleito quem batizaram Champ, porque esse é o apelido com o qual Biden costumava se referir ao seu filho Hunter. Os dois novos moradores caninos da Casa Branca não são os primeiros pastores alemães da família Biden, que já tiveram outros três no passado, além de um dogue alemão, Governor, segundo o USA Today.

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O primeiro presidente dos EUA, George Washington, teve mais de uma dezena de cavalos e 12 cães, conta o site do Museu das Mascotes Presidenciais. Thomas Jefferson, o terceiro chefe de Estado do país, trouxe dois filhotes de urso e um rouxinol. Zachary Taylor, que só passou 16 meses no cargo, em 1849 e 1850, adotou Apollo, um pônei antes usado em um circo.

John Quincy Adams (presidente de 1825 a 1829) teve nada menos que um crocodilo na residência presidencial, mantido em um dos banheiros. Um papagaio que falava palavrões foi mascote de Andrew Jackson (1829-1837); dois cães-lobos, de John Tyler (1841-1845); e uma vaca, de William H. Harrison (1841). Abraham Lincoln teve vários cães e gatos, pôneis, coelhos brancos, cabras e o peru Jack, que indultou.

No começo do século XX, Theodore Roosevelt teve um galo manco, serpentes e cobaias. Calvin Coolidge, um guaxinim que lhe mandaram vivo à Casa Branca dias antes do jantar de Ação de Graças, e que o mandatário acabou adotando.

Além de um gato, um canário, um periquito, um coelho e vários cavalos, pôneis e hâmsteres, John F. Kennedy adotou vários cães, entre eles um vira-lata presenteado pelo líder soviético da época, Nikita Khrushchov. Os últimos cachorros moradores da Casa Branca foram os dois cães d'água portugueses de Barack Obama, Bo e Sunny.

Em 2019, o The Washington Post publicou que uma seguidora de Trump na Flórida queria presentear à família dele um exemplar de cruzamento de poodle e golden retriever, Patton, e que inclusive o tinha mostrado ao filho mais novo do presidente, Barron, então com 10 anos. A doadora do animal declarou ao jornal que o menino desenhou um enorme sorriso ao vê-lo. Mas nem por isso o cachorrinho, de nove semanas, foi morar com a primeira-família norte-americana.


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