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Em Bagdá, milhares se despedem de general iraniano gritando “morte à América”

Funeral do poderoso militar morto em um ataque de drone dos Estados Unidos é iniciado no momento em que Irã ameaça uma resposta dura. Corpo chegará ao país no domingo

Funeral do general iraniamo Qasem Soleimani, que começou neste sábado em Bagdá.
Funeral do general iraniamo Qasem Soleimani, que começou neste sábado em Bagdá.SABAH ARAR (AFP)
Andrés Mourenza

Milhares de pessoas se reuniram desde as primeiras horas da manhã em Bagdá para dar o último adeus ao general iraniano Qasem Soleimani —arquiteto das intervenções iranianas em todo o Oriente Médio—; ao comandante da milícia paramilitar xiita iraquiana Forças de Mobilização Popular (FMP), Abu Mahdi al Muhandis, e outros oito militares de ambos os países assassinados na sexta-feira por um drone dos EUA no aeroporto da capital do Iraque. No funeral, caminhando com a multidão, estava o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul-Mahdi, que qualificou de “mártires” os mortos do ataque ordenado por Donald Trump e classificado como “violação da soberania iraquiana”. Também participaram o ex-chefe do Governo do Iraque, Nouri al-Maliki, bem como o presidente das FMP, Faleh al-Fayad, e Hadi al-Amiri, líder da Organização Bader, um dos grupos mais poderosos dessa coalizão de milícias.

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O início do funeral aconteceu enquanto a região prende a respiração à espera de uma resposta iraniana ao ataque, após o Exército reiterar que prevê uma “dura vingança”.

Agitando bandeiras dos partidos e grupos armados xiitas e vestidos de preto ou de cores escuras, os participantes do funeral marcharam pacificamente a partir do santuário de Kadhimiya, ao longo do rio Tigre, aos gritos de “vingança!” e “morte à América!”, relata a agência France Presse. O cortejo que levava os caixões entrou em seguida na chamada zona verde, embora acompanhado apenas pelos representantes oficiais, enquanto a multidão permaneceu às portas desse bairro blindado, onde estão as principais instituições do Governo iraquiano e a Embaixada dos EUA. Na legação diplomática norte-americana foram registradas violentas manifestações nos dias anteriores à morte de Soleimani, que derivaram em um ataque ao edifício, em resposta a um bombardeio de Washington contra paramilitares pró-iranianos. Os protestos foram dissolvidos na quarta-feira, por ordem dos convocadores, mas Washington acusou Teerã de estar por trás deles e ameaçou fazer o Irã pagar “um preço muito alto”.

O parlamento iraquiano, que neste sábado deveria debater uma resolução para exigir a retirada das tropas norte-americanas, adiou a sessão em um dia para permitir que os deputados comparecessem ao enterro. As tropas norte-americanas que operam no âmbito da coalizão internacional no Iraque informaram que reverão sua participação, e a própria coalizão anunciou que reduzirá temporariamente suas ações militares contra o Estado Islâmico devido à situação de segurança do país, informa a agência France Presse.

O Exército iraniano, por meio de seu porta-voz Abolfazi Shekarchi, afirmou que não tomará nenhuma decisão precipitada, mas que sua vingança pelo assassinato de Soleimani “será cumprida” e será “dura”.

O funeral do polêmico comandante da Al Quds, a força de elite da Guarda Revolucionária, durará vários dias e seu corpo será levado, juntamente com o de Muhandis, a Kerbala e Najaf, cidades sagradas para a tradição xiita do islã. O corpo de Soleimani será repatriado ao Irã no domingo. No santuário do imã Reza, em Mashhad (noroeste do país), seus restos mortais serão expostos durante um dia antes da cerimônia de Estado em sua homenagem em Teerã, na segunda-feira. No dia seguinte será enterrado em sua província natal, Kerman, segundo informações das agências oficiais iranianas.


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