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Morte de general iraniano leva a alta do petróleo, e Bolsonaro prevê impacto no Brasil

Principais Bolsas se ressentem da ação militar norte-americana, e os investidores apostam em valores protegidos, como o ouro. Itamaraty manifesta "apoio à luta contra o flagelo do terrorismo"

Madri / São Paulo -
Complexo da companhia Signal Hill Petroleum, com sede na Califórnia, em outubro passado.
Complexo da companhia Signal Hill Petroleum, com sede na Califórnia, em outubro passado.AFP

O anúncio de que os EUA mataram o general iraniano Qasem Soleimani em um ataque com drones contra o aeroporto de Bagdá, nesta sexta-feira, provocou uma forte alta no preço do petróleo e de investimentos considerados mais protegidos, como o ouro, o iene japonês e o franco suíço. À medida que a jornada avançava, entretanto, o petróleo moderou sua alta. O preço do barril do tipo Brent, referência no mercado da Europa, subiu 2,4% depois do fechamento das Bolsas europeias, sendo negociado a menos de 68 dólares (275 reais), depois de ter chegado a subir mais de 4% nas primeiras horas de negociação. No caso do petróleo Texas, referência para os EUA, chegou quase a 64 dólares (259 reais), mas moderou sua alta a 2,7%, até se situar a menos de 63 dólares.

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O ouro registra nesta jornada sua maior alta dos últimos quatro meses, com a onça (28,35 gramas) sendo cotada a 1.549 dólares (6.279 reais), 1,5% mais que na véspera. O iene japonês e o franco suíço, outros valores considerados um refúgio para os investidores em momentos de incerteza, registraram nesta sexta-feira seus maiores valores frente ao dólar em dois e quatro meses, respectivamente.

"A geopolítica volta a estar sobre a mesa, e isso é algo que terá importantes implicações para a maioria dos ativos", afirma em nota Salman Ahmed, chefe de estratégia de investimento do Lombard Odier.

"O risco geopolítico pode ser exacerbado porque a Administração de Donald Trump, até agora reticente a responder, aumentou as apostas. O risco de confrontação direta entre os EUA e o Irã pode ser pequeno, mas está aumentando. No mínimo, o risco de represália iraniana se estende por toda a região. Como sempre, a carta mais perigosa no Oriente Médio é quem se envolverá no conflito", argumenta em nota David Lafferty, chefe de estratégia de mercados do Natixis.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, demonstrou preocupação com uma possivel alta nos preços dos combustíveis. “Que vai afetar, vai. Agora vamos ver o nosso limite aqui”, disse Bolsonaro a jornalistas, acrescentando que não ainda não tinha conseguido falar com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, ou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o tema. O presidente brasileiro disse ainda que o Governo não pode intervir no preço dos combustíveis, destacando que as políticas de tabelamento do passado não deram certo.

O interesse do Governo brasileiro em relação ao preço do petróleo foi reiterado em nota dibvulgada pelo Itamaraty, na qual o Ministério das Relações Exteriores manifestou "seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo" e reiterou "que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo". "O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país", finaliza a nota.

Mercados

Os mercados europeus fecharam em baixa nesta sexta-feira depois de abrir 2020 com alta de mais de 1%. As principais Bolsas europeias refletem o temor dos investidores a um conflito aberto entre os EUA e o Irã, mas também moderaram perdas. A de Frankfurt caiu 1,25%, Milão registrou baixa de 0,56%, e Paris fechou em queda com uma alta mínima, de 0,04%.

Wall Street também iniciou o novo ano com recorde em seus três principais indicadores. Uma tendência positiva que se rompeu depois do ataque norte-americano a Soleimani.

O Governo norte-americano alegou que o ataque que resultou na morte do general iraniano foi necessário "para proteger o pessoal norte-americano no exterior". O Pentágono, que especificou ter sido uma operação ordenada pelo presidente Donald Trump, disse em nota que Soleimani "estava desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas norte-americanos no Iraque e em toda a região".

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ameaçou os EUA com uma "dura vingança" pela morte do seu general e declarou luto oficial de três dias no país.

Cailin Birch, economista da consultoria The Economist Intelligence Unit, afirma que os mercados temem sobretudo "um conflito mais amplo". "A importância decorre menos da perda potencial dos fornecimentos de petróleo iraniano que do risco de que se possa desencadear um conflito mais amplo que arraste o Iraque, a Arábia Saudita e outros", disse ele à AFP. "Também existe um risco significativo de que o Irã lance um ataque seletivo contra navios norte-americanos na região, o que poderia interromper os fluxos de petróleo no mar e fazer que os preços continuem aumentando", acrescentou.

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