Brasil chega aos Jogos de Tóquio como uma potência paralímpica que busca sua 100ª medalha de ouro
Delegação brasileira no Japão tem 260 atletas e uma missão de se manter entre os 10 primeiros países na competição pela quarta edição consecutiva
A Olimpíada de Tóquio já passou, mas a chama esportiva segue acesa na capital do Japão. Chegou a vez dos Jogos Paralímpicos 2020, o maior evento de esporte de alto rendimento para pessoas com deficiência, que começa nesta terça-feira, 24 de agosto, e segue até 5 de setembro na capital japonesa. E, se o Brasil teve uma participação histórica nestes Jogos Olímpicos ―com 21 medalhas e a 12ª colocação no quadro geral de medalhas―, a expectativa é de um desempenho ainda melhor na Paralimpíada, na qual o país é uma potência. Há três edições o Brasil tem fechado sua participação entre os 10 maiores vencedores: foi 9º colocado em Pequim 2008; 7º em Londres 2012; e 8º na Rio 2016. Em Tóquio, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) aposta que seus 260 atletas manterão o Brasil no top 10 do quadro de medalhas pela quarta edição consecutiva. “Mesmo com todas as dificuldades [impostas pela pandemia], estamos otimistas numa grande participação em Tóquio”, afirma o diretor técnico da entidade, Alberto Martins da Costa.
A delegação brasileira também busca o sonho de conquistar sua 100ª medalha de ouro da história das Paralimpíadas. Uma meta ambiciosa ―o Brasil soma 87 ouros nas competições até agora―, mas longe de ser impossível. “Vivemos um momento sem precedentes na história. Estávamos todos preparados há um ano quando surgiu a pandemia e o sonho dos atletas foi adiado”, diz Mizael Conrado, presidente do CPB.
A primeira Paralimpíada da história ocorreu em 1960 na cidade italiana de Roma, sessenta e quatro anos depois da primeira edição de uma Olimpíada moderna, datada de 1896. O Brasil competiu pela primeira vez 12 anos depois, em 1972, e nos anos oitenta começou a conquistar um volume respeitado de medalhas. Mas foi somente com os repasses garantidos por lei há 20 anos que o país deu um salto no número de pódios e se consolidou como uma potência paralímpica.
Desde 2001, o esporte paralímpico brasileiro conta com investimentos ininterruptos, graças à chamada Lei Piva, que prevê que 0,95% do total bruto arrecadado pela venda de bilhetes das Loterias Caixa seja direcionada ao Comitê Paralímpico, fundado em 1995. Antes da sanção da lei, a melhor participação paralímpica do Brasil havia sido nos Jogos de 1984 e de 2000, quando acabou na 24ª posição no quadro geral. Três anos de repasse já fizeram o país saltar para 14º em Atenas 2004 e, a partir de 2008, frequentar os 10 primeiros lugares. Um avanço importante em uma competição que também celebra inclusão das pessoas com deficiência e destaca importância da diversidade, como lembrou o nadador Clodoaldo Silva, em Tóquio. “Todo mundo pode chegar no mesmo lugar pela mesma rampa”, afirmou o Tubarão das piscinas.
Imagens que trazem felicidade. #ParalimpicoEmTóquio #JogosParalimpicos #paralympics
— Comitê Paralímpico Brasileiro -ブラジルパラリンピック委員会 (@cpboficial) August 24, 2021
📷 Miriam Jeske/CPB pic.twitter.com/iOQj5XOrq2
Quem compõe a delegação brasileira?
Ao todo 260 brasileiros (sendo 164 homens e 96 mulheres) representam o Brasil na Paralimpíada de Tóquio, incluindo, entre eles, atletas sem deficiência que atuam como guias, calheiros (auxiliares), goleiros e timoneiros. A proporção já cumpre a primeira das metas do CPB, que era enviar uma delegação com ao menos 40% de representatividade feminina. A maioria (72,9%) tem alguma deficiência física; as pessoas com deficiência visual são 23,2% dos atletas; e atletas com deficiência intelectual são 3,9%. O mais novo do Time Brasil é o nadador João Pedro Brutos, de 17 anos, e a mais velha é a arremessadora Beth Gomes, 56 anos. São ainda 69 medalhistas paralímpicos e 86 estreantes. O tamanho total da delegação brasileira na Paralimpíada de Tóquio, somando comissão técnica, médica e administrativa, é de 422 pessoas.
O atletismo segue como principal esperança de pódio para o Brasil em Tóquio. Serão 64 atletas competindo no Japão, incluindo os velocistas Petrúcio Ferreira (recordista mundial e porta-bandeira em Tóquio) e Alan Fonteles, os saltadores Ricardo Costa de Oliveira e Silvânia Costa, e o arremessador Claudiney Batista, todos campeões olímpicos. A categoria alcançou 8 ouros, 14 pratas e 21 bronzes na Rio 2016.
A natação é a segunda maior delegação, com 35 esportistas. Entre eles Daniel Dias, o maior atleta paralímpico da história do Brasil. Aos 33 anos, o nadador chega à sua última Paralimpíada com 24 medalhas no peito, 14 de ouro. A revelação é Gabriel Bandeira, 21 anos, favorito à medalha em pelo menos seis provas da categoria S14, para deficientes intelectuais. A natação foi a segunda modalidade que mais teve o país subindo ao pódio em 2016, com 4 ouros, 7 pratas e 8 bronzes.
Entre os esportes coletivos, destaque para o futebol de cinco. O Brasil é tetracampeão paralímpico na modalidade para deficientes visuais, que tem como destaque os craques Ricardinho e Jefinho. O futebol de sete também tem certa tradição brasileira, mas terminou com o bronze em 2016. A outra modalidade coletiva onde o país foi ouro no Rio de Janeiro foram as duplas mistas da bocha, que está de volta com as campeãs Evelyn de Oliveira e Evani Silva. A Paralimpíada do Rio de Janeiro ainda rendeu medalhas de prata no judô, tênis de mesa, halterofilismo e ciclismo, o que deixa estas modalidades bem cotadas para mais pódios em Tóquio. Canoagem, hipismo, goalball e vôlei sentado foram outros esportes onde brasileiros medalharam no último ciclo, estas ganhando o bronze.
Até as novidades podem garantir pódios ao Brasil. O parabadminton e o parataekwondo estream como esportes paralímpicos em Tóquio 2020 e já têm brasileiros entre os favoritos. Na primeira, é o caso do paranaense Vitor Tavares, bronze no último mundial. Já na segunda, Débora Menezes é a atual campeã do mundo.
Por fim, os cuidados foram redobrados com a covid-19, uma vez que alguns atletas compõem grupos de risco da doença. Todos os integrantes do Time Brasil foram vacinados com duas doses das vacinas Pfizer ou Coronavac, doadas pelo Comitê Olímpico Internacional na mesma leva que imunizou os atletas olímpicos. Ainda assim, todos fizeram dois testes RT-PCR antes de embarcar para o Japão e, durante a permanência lá, serão também testados diariamente.
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