_
_
_
_
_

A primeira medalha do Brasil em Tóquio 2020 no skate de Kelvin Hoefler

“Isso aqui é o começo de uma geração do Brasil que está por vir”, avisou o skatista na estreia da modalidade olímpica. Pódio veio na madrugada deste domingo

Kelvin Hoefler com sua medalha de prata.
Kelvin Hoefler com sua medalha de prata.JEFF PACHOUD (AFP)
Mais informações
Tokyo 2020 Olympics - Judo - Men's 66kg - Quarterfinal - Nippon Budokan - Tokyo, Japan - July 25, 2021. Manuel Lombardo of Italy in action against Daniel Cargnin of Brazil REUTERS/Sergio Perez
As últimas notícias de Tóquio 2020, ao vivo
Rayssa Leal com o título da etapa mundial de Los Angeles.
Aos seis anos ela ganhou um skate. Aos 13, é uma das melhores do mundo
Brazil's Italo Ferreira, left, and Gabriel Medina leave after a training session at the 2020 Summer Olympics, Friday, July 23, 2021, at Tsurigasaki beach in Ichinomiya, Japan. (AP Photo/Francisco Seco)
Surfe estreia na Olimpíada e Brasil entra como potência mundial, com Gabriel Medina e Ítalo Ferreira

Kelvin Hoefler, 27 anos, é o primeiro atleta a conquistar uma medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O paulista de Guarujá alcançou o segundo lugar da prova de skate street masculino por volta da 1h40 da manhã (horário de Brasília) deste domingo e ficou com a medalha de prata. “Isso aqui representa o skate brasileiro, a nossa garra e a nossa persistência. Isso aqui não é só meu, é o skate do Brasil que merece isso aqui, merece até mais”, celebrou o brasileiro. O ouro ficou com o japonês Yuto Horigomi, enquanto o americano Jagger Eaton levou a medalha de bronze.

A prova do street foi a primeira do skate, que estreia como modalidade olímpica em Tóquio. A modalidade consiste em duas voltas no circuito de pista com alguns obstáculos e cinco chances para fazer manobras em cima de um dos corrimãos da pista. Todas as apresentações são avaliadas através de notas de um júri. Ao fim, quem tiver a maior nota na soma das sete avaliações vence. Kelvin se classificou para a final com a quarta melhor nota, longe do favorito, o americano Nyjah Houston. Os brasileiros Felipe Gustavo e Giovanni Vianna ficaram pelo caminho. Mas Hoefler começou bem a decisão, conseguindo as duas melhores notas e ganhando confiança logo no início.

O skatista performou o tempo todo com um fone de ouvido sem fios, mas confessou que não ouvia nenhuma música. A estratégia, segundo o próprio, é para que ninguém o desconcentrasse. Kelvin só deu ouvidos para duas pessoas. Uma era a esposa, Ana Paula Negrão, que o acompanha há 10 anos e com quem falava pelo telefone nos intervalos. A outra é Pâmela Rosa, skatista que competirá na prova street feminino e amiga pessoal do brasileiro. Foi Pâmela quem orientou o medalhista na escolha das manobras, na hidratação e até na hora de fazê-lo descansar na sombra, uma vez que o calor fazia a sensação térmica ultrapassar os 40 graus celsius em Tóquio. “Elas foram meus braços direito, esquerdo e pernas. Pâmela foi minha técnica aqui, com detalhes que ajudaram muito. As minas são foda”, afirmou após a conquista.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Kelvin perdeu a liderança na hora das manobras em cima do corrimão. Se saiu bem na primeira tentativa, mas teve duas quedas que o derrubaram para o quinto lugar. Na quarta chance, conseguiu um salto difícil e recuperou a moral. Enquanto isso, o favorito Nyjah despencou para o sétimo lugar. Restou a Hoefler completar uma manobra na última tentativa que rendeu-lhe a maior nota em toda a competição. Subiu para o segundo lugar, de onde não saiu mais. Só Jagger Eaton poderia tirar sua prata, mas o americano caiu em seu último pulo. O brasileiro terminou com a soma de 36,15 pontos, contra 37,18 do medalhista de ouro, Horigomi, e 35,35 de Eaton, medalhista de bronze.

O brasileiro se emocionou entre entrevistas e pódio. O sorriso deixou claro a vitória pessoal de um menino de Guarujá que, aos 8 anos, improvisava suas próprias pistas de skate. Como a rua onde morava era de terra, ele precisava andar na sala de casa. Relembrou as broncas que recebia de sua mãe, Roberta, por atrapalhar a novela, e da disciplina ensinada pelo pai, o policial militar Eneas. Aos 9, decidiu ser profissional. Aos 13, venceu seu primeiro campeonato. E, aos 27, ganhou uma medalha olímpica. “Isso aqui é o começo de uma geração do Brasil que está por vir. E amanhã tem mais”, avisou. Entre a noite deste domingo e a madrugada de segunda, o Brasil volta às pistas com Letícia Bufoni, Pâmela Rosa e Rayssa Leal na modalidade street feminina, com grandes chances de medalha.

Apoie nosso jornalismo. Assine o EL PAÍS clicando aqui

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_