FMI melhora previsão de crescimento para América Latina em 2021, mas piora a do Brasil

Organismo eleva em meio ponto percentual a previsão de julho para a região, mas reduz a de 2022 em 0,2 ponto. No Brasil, há redução de 5,3% para 5,2% neste ano, e estimativa de 1,5% em 2022.

Um homem passa por um cartaz das reuniões anuais do Grupo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, nesta segunda-feira, em Washington.ALEX WONG (AFP)

A América Latina está experimentando uma recuperação econômica mais rápida do que se previa neste ano, mas perderá um fôlego maior que o esperado em 2022, segundo o último relatório de perspectivas econômicas mundiais do Fundo Monetário Internacional.

O produto interno bruto (PIB) da América Latina e Caribe crescerá, em média, 6,3% neste ano (0,5 ponto percentual a mais do prognosticava o organismo em julho), ao passo que para 2022 a previsão é 0,2 ponto percentual menor, devido às dificuldades observadas nas campanhas de vacinação contra a covid-19.

Os prognósticos para o Brasil e o México, as duas maiores economias regionais, pioraram. O Brasil crescerá 5,2% neste ano (antes, a projeção era de 5,3%). Em 2022, a projeção indica crescimento de 1,5%. Já o México aumentará seu PIB em 6,2% em 2021 e 4% em 2022.

Os países mais dependentes das commodities crescerão com mais força. Será o caso do Peru (10% este ano, 4,6% no próximo) e Chile (11% e 2,5%).

A recuperação econômica após a dramática contração durante a pandemia revela dois ritmos diferentes de crescimento, distanciando os países desenvolvidos das economias em desenvolvimento, segundo o relatório do FMI. Essa divergência pode ser “perigosa”, alerta o relatório publicado nesta terça.

“A perigosa disparidade nas perspectivas econômicas entre países continua sendo uma grande preocupação”, escreveram os especialistas da organização. O FMI prevê que a produção agregada do grupo de economias avançadas recupere sua trajetória pré-pandêmica em 2022 e a supere em 0,9% até 2024. Já a produção agregada para os mercados emergentes e em desenvolvimento (excluindo a China) será mantida em 5,5% até 2024, abaixo do prognóstico anterior à pandemia. “Isto resultará em uma maior reversão das melhoras na qualidade de vida dos habitantes”, apontou o Fundo. “Estas divergências econômicas são consequência de grandes disparidades no acesso às vacinas e nas políticas de apoio”, acrescentou o estudo.

O FMI enfatiza que quase 60% da população das economias avançadas está completamente vacinada e, enquanto alguns de seus habitantes já recebem até injeções de reforço, cerca de 96% da população nos países de renda mais baixa continuam sem imunização. As economias emergentes enfrentaram, além disso, condições de financiamento mais rigorosas e um maior risco de descontrole inflacionário, o que empurrou os Governos a retirarem precocemente as políticas assistenciais.

Além disso, estimativas da Organização Internacional do Trabalho sugerem que a América Latina e o Caribe, junto com o sul da Ásia, encontram-se entre as regiões onde a redução em horas de trabalho em 2020 foi particularmente grande.

“As perspectivas para o grupo de países em desenvolvimento de baixa renda se ensombreceram grandemente devido à piora na dinâmica da pandemia”, diz o relatório. Por um lado, as perspectivas de curto prazo são difíceis para as economias avançadas, em parte devido às interrupções de fornecimento geradas pela pandemia e as medidas de distanciamento social. “As interrupções relacionadas com a pandemia nos setores de contato intensivo provocaram que a recuperação do mercado trabalhista tarde significativamente com relação à recuperação da produção na maioria dos países”, acrescentou o organismo multilateral, com sede em Washington.

Urgência de vacinas para todos

“Os acontecimentos recentes deixaram muito claro que estamos todos juntos nisto e que a pandemia não terminará em lugar nenhum enquanto não terminar em todos os lugares”, escreveu Gita Gopinath, economista-chefe do Fundo, no prefácio do relatório.

“A comunidade mundial deve redobrar seus esforços para garantir o acesso equitativo às vacinas para todos os países, superar as dúvidas sobre as vacinas quando há um fornecimento adequado e assegurar melhores perspectivas econômicas para todos.”

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