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Colapso da economia latino-americana será o segundo maior do mundo em 2020, após zona do euro

O FMI melhorou a previsão de queda do PIB para o bloco, que, ainda assim, deve retroceder 8,1% neste ano por causa da crise do coronavírus. Peru, Argentina e Equador serão os mais atingidos

Ignacio Fariza
Mulher anota em seu telefone uma oportunidade de emprego a partir de listas postadas em um poste de luz no centro de São Paulo no final de setembro.
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FMI melhora previsão econômica para o Brasil em 2020, mas estima recuperação mais lenta

É a maior recessão em mais de um século, mas também há alguns elementos de esperança. O colapso da economia latino-americana neste ano será enorme, o segundo maior do mundo, atrás apenas do enfrentado pela zona do euro (queda de 8,3% no PIB), embora também um pouco menor do que o prognóstico inicial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou nesta terça-feira sua previsão de queda do PIB para 2020 ―a derrocada de 9,4% prevista em junho se mantém igualmente alarmante, mas substancialmente menor, de 8,1%. A projeção para a recuperação em 2021 permanece praticamente estável, apenas um décimo abaixo do esperado, com uma retomada de 3,6%. O colapso causado pelo coronavírus será generalizado em toda a região, mas ―sempre com exceção da Venezuela― Peru, Argentina e Equador sofrerão as piores quedas, respectivamente de 13,9%, 11,8% e 11%. A posição dos dois últimos, imersos em planos resgates do próprio FMI, está especialmente comprometida.

A melhora das perspectivas, no entanto, é generalizada. Na maior economia da América Latina, o Brasil, a queda de 9,1% que o FMI projetou para este exercício ficará em 5,8%. Em 2021, a recuperação será de 2,8%, o que significa que, com um pouco de sorte, o gigante sul-americano recuperará o patamar do PIB de antes da crise ao longo de 2022 ou, no máximo, em 2023. Na segunda maior economia da região, o México, a melhora é menor, mas também significativa: o colapso projetado de 10,5% em junho agora é de 9%, e a recuperação em 2021 ficará em 3,5%, dois décimos a mais do que se esperava até agora. Com esses números em mãos, porém, o México será um dos grandes países do mundo que mais demorará para reaver todo o terreno perdido durante a pandemia.

A revisão para cima das perspectivas do FMI para a região neste 2020 ocorre em paralelo a uma melhora generalizada em escala mundial: a menos de três meses do final do ano, a previsão de colapso do PIB mundial continua em 4,4%, cinco décimos a menos do que o prognosticado em junho. A recuperação da economia mundial em 2021, embora ligeiramente inferior (dois décimos), mantém-se claramente acima dos 5%. Se essas projeções forem cumpridas, o mundo retornará ao nível pré-covid-19 antes do final do próximo ano. Algo que, até agora, não estava tão claro. Ainda assim, até o início de 2022 a renda per capita ―um indicador que já leva em conta o crescimento populacional― não retornará aos níveis anteriores à crise.

Piores são os indicadores da América Latina e do Caribe. Para recuperar o nível do PIB anterior à recessão, o bloco terá de esperar um pouco mais: no mínimo, até 2023, de acordo com as últimas projeções do Banco Mundial endossadas pelo novo quadro macroeconômico do FMI. Também continuará a ser a região mais atingida do mundo emergente, no extremo oposto da China: enquanto o colosso asiático fechará 2020 em verde (+ 1,9%) e crescerá 8,2% em 2021, na média os países de renda média sofrerão queda de 3,3% neste ano, menos da metade que a do bloco latino-americano. Entre os grandes países emergentes ―com população de 100 milhões de pessoas ou mais― México e Brasil serão o segundo e o terceiro que mais cairão, só superados pela Índia (-10,3%).

A economista-chefa do FMI, Gita Gopinath, esclareceu nesta terça-feira uma tendência que já era percebida desde o início da crise sanitária: os países mais dependentes de serviços que exigem interação entre pessoas e os exportadores de matéria-prima (e, mais particularmente, o petróleo) serão os mais afetados, enquanto os mais industrializados sairão antes da recessão. Com esse padrão, a América Latina tem potencial de perder em várias frentes: o Caribe é uma das regiões mais turísticas do mundo, vários países da área —especialmente na América do Sul— dependem das receitas procedentes da exportação de produtos básicos e praticamente nenhum deles —exceto Brasil e México— tem na indústria um pilar de sua economia. Contudo, as piores projeções esboçadas em junho, quando os confinamentos rígidos ainda eram a norma e nenhum indicador estava em verde, vão ficando pouco a pouco para trás.

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