A cena de ‘Friends’ que Matthew Perry se recusou a filmar

O ator não queria filmar uma trama em que seu personagem entrava em um bar gay por considerá-la ofensiva

Chandler Bing, interpretado por Matthew Perry, em seu caminho para o altar apoiado por sua mãe e seu pai.
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Friends já ultrapassou os 25 anos, e o fez entre duas facções opostas: os que celebram uma das comédias mais irreverentes e emocionantes que a velha televisão nos deu e os que consideram que a trama envelheceu fatalmente. Homofobia, sexismo ou gordofobia são algumas das acusações que pesam sobre ela. E a verdade é que revê-la com pensamento crítico e questionar determinados comportamentos dos personagens é sinônimo de termos evoluído, mas não se deve esquecer que a série, que começou a ser exibida em 1994 e terminou em 2004, é um reflexo de uma época em que as piadas eram feitas sem qualquer sensibilidade. Ou talvez sim.

No livro Generation Friends: An inside look at the show that definied a television era (algo como Geração Friends: um olhar pode dentro do seriado que definiu a era da televisão), do escritor Saul Austerlitz, publicado em 2019 por ocasião do 25º aniversário da série, o autor afirma que Matthew Perry se recusou a filmar uma cena em que seu personagem visitou um bar gay por considerá-lo ofensivo para o coletivo LGTBIQ. A ideia era que Chandler Bing, que também costumava fazer piadas sobre sua sexualidade, aparecesse ali porque se vendiam os melhores sanduíches de atum e queijo de Manhattan. E é aí que supostamente residiria a diversão, na ideia de que assistir a um homem branco heterossexual comendo em um local gay seria hilário. Perry disse que a cena não fazia sentido e pediu aos roteiristas que a guardassem, para que ele não a usasse no futuro. Um ponto a seu favor.

Lembremos também que Bing, o amigo brincalhão e sarcástico do grupo, tinha uma relação complexa com o pai que foi amplamente criticada. Não falava há anos com seu pai, Helena Handbasket, uma artista transgênero que morava em Las Vegas. Um papel desempenhado pela atriz Katlen Turner e que, embora tenha sido bastante inovador para a época, por tentar tornar o grupo visível, foi desenvolvido com tão pouco tato que botava drag queens e pessoas trans no mesmo saco. “Aquela garçonete, aquele, aquela tomou nosso pedido ... Desculpe, sou nova nisso”, brincava Mônica (de novo, sem muito tato) no capítulo em que vão assistir à atuação do pai de Chandler em Las Vegas. Talvez os roteiristas também o fossem.

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