_
_
_
_
Séries de TV
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

A elegância perdida de ‘Friends’

Nos anos após a transmissão da série, a esfera pública se tornou mais afetada, mais exibicionista e muito mais cafona

Elenco de 'Friends' se despede do público após gravar o último episódio da série.
Elenco de 'Friends' se despede do público após gravar o último episódio da série.
Sergio del Molino

Você abre a Netflix, e lá está. Na HBO, a mesma coisa. E na Amazon Prime, o algoritmo te pergunta, sempre que você procura outra coisa: tem certeza de que não quer vê-la? E você, que é muito sensível, cai. O que pode acontecer se vejo um capitulozinho? Ele que venha, se é somente para dar uma mordida, não quero comê-lo inteiro. E assim, como o comilão que acaba devorando a caixa inteira de biscoitos, já é de manhã.

Mais informações
Jennifer Aniston en 1995, un año después de que se estrenara 'Friends', la serie que la catapultó a la fama con solo 25 años.
Triunfo, traição e reviravolta: como Jennifer Aniston tem sido a mártir de Hollywood há 25 anos
el sandwich de Ross Geller
‘Friends’ é uma série homofóbica?

Eu tive uma recaída, e é muito grave, porque vi Friends não menos de cinco vezes. Nas noites mais terríveis de minha vida, os colocava de fundo e me faziam esquecer da desolação que me cercava. Por isso terei eterna gratidão, por essa forma de elegância que não sabia definir e cujo ponto essencial descobri outra noite dessas.

Via o primeiro capítulo da oitava temporada, e no final uma mensagem sóbria em letras brancas sobre fundo negro, sem música, o dedicava às pessoas de Nova York. Nada mais. Era o primeiro episódio após o 11 de Setembro de 2001. Só haviam se passado 16 dias, e uma das séries que faziam da cidade um símbolo limitava suas homenagens a esses segundos. Pode ser que fosse uma elegância própria do estilo de Friends, mas acho que tem a ver com a época. Hoje ninguém se contentaria com tão pouca pirotecnia. A explosão sentimental seria barroquíssima, se buscaria o pranto, as personagens atravessariam a cena dando golpes no peito, existiriam abraços e lamentos.

Nesses quase 20 anos, a esfera pública se tornou muito mais afetada, muito mais exibicionista e muito mais cafona. Por isso, quando a tristeza formiga meu peito, continuo recorrendo a uma comédia que conserva uma austeridade emocional que hoje não encontro em quase nada.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_