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Morre o comediante Terry Jones, do Monty Python

O comediante e roteirista, que faleceu aos 77 anos, dirigiu ‘A Vida de Brian’, em que interpretou a divertida mãe do protagonista

O ator britânico Terry Jones en Londres, em outubro de 2012.
O ator britânico Terry Jones en Londres, em outubro de 2012.ANDREW COWIE
Rafa de Miguel

O ator cômico Terry Jones, membro do grupo Monty Python, morreu nesta terça-feira aos 77 anos, informou seu empresário nesta quarta-feira. Nascido em 1942 em Colwyn (País de Gales), Terence Graham Parry Jones era um dos dois intérpretes não ingleses do grupo cômico (o outro é Terry Gilliam). Além de ator, diretor, roteirista e compositor das músicas dos filmes do Monty Python, Jones atuou nos títulos mais famosos, como Monty Python em Busca do Cálice Sagrado (1974), A Vida de Brian (1979), dirigido por ele e do qual permanece na memória a sua interpretação da grosseira e hilariantemente cruel mãe do protagonista, e Monty Python - O Sentido da Vida (1983), que ele também dirigiu. Em setembro de 2016, Jones foi diagnosticado com afasia progressiva primária, uma doença neurodegenerativa que causa uma deterioração progressiva da linguagem, por isso, não deu mais entrevistas.

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<strong>Do que se trata.</strong> Comédia divertidíssima do Monty Phyton, que parodia a origem do cristianismo. Tudo começa quando Brian (Graham Chapman) é confundido com Jesus Cristo. </p> <strong>A polêmica.</strong>Os cômicos ingleses parodiam o cristianismo com cenas tão memoráveis quanto a do grupo de homens crucificados cantando “Always Look on the Bright Side of Life”. Proibido no Reino Unido e em algumas partes dos Estados Unidos, o filme foi acusado de blasfêmia por zombar do sofrimento do Messias. Enquanto alguns o atacaram, outros aproveitaram a situação para promovê-lo, como fizeram na Suécia: “O filme é tão engraçado que foi proibido na Noruega”. Antes da estreia, a produtora, temendo o escândalo, decidiu engavetar o filme e esperar. O beatle George Harrison, fã do Monty Phyton, pagou vários milhões de libras para que o filme seguisse adiante.
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“Estamos profundamente tristes por ter que anunciar a morte de nosso querido marido e pai", confirmou a família nesta quarta-feira em um comunicado. “Terry faleceu na tarde de 21 de janeiro aos 77 anos, tendo sua mulher, Anna Soderstrom, a seu lado, depois de uma longa batalha que enfrentou com extrema coragem e sempre de bom humor contra uma rara variante de demência”, acrescentou a família do artista. “Seu trabalho com o Monty Python, seus livros, filmes, programas de televisão, poemas e outros projetos viverão para sempre.”

A doença foi uma ironia cruel para um ator e roteirista que, com outros cinco colegas, soube torcer a linguagem e levar ao absurdo mais irreverente os convencionalismos da sociedade britânica, primeiro na televisão com a série Monty Python’s Flying Circus, de 1969 a 1974, e depois no cinema. Seu humor era universal, como demonstra o sucesso de A Vida de Brian e Monty Python em Busca do Cálice Sagrado.

Ele também atuou como historiador: seu livro Medieval Lives (Vidas da Idade Média ou a Idade Média Vive) foi um best-seller e nele zombou com brilhantismo de um período reverenciado nas lendas britânicas. "Os cruzados levaram 200 anos para criarem o fanatismo muçulmano atual, a imitação exata da intolerância cristã", escreveu ele. Nos últimos anos, ele trabalhou sobretudo na televisão e chegou a dirigir dois documentários históricos.

O comediante teve dois filhos com a primeira mulher, Alison Telfer, e um terceiro com a segunda, Anna Soderstrom.

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