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Inteligência dos EUA admite não ter explicação para 120 objetos avistados por pilotos militares

Documento afirma que a maioria dos incidentes registrados não corresponde a projetos de defesa do Pentágono

Captura de un fenómeno aéreo no identificado captado el 28 de abril de 2020 y desclasificado por el Departamento de Defensa
Objeto avistado por pilotos da Marinha, em uma captura de um vídeo divulgado pelos EUA em abril.HANDOUT (AFP)
Luis Pablo Beauregard

Cresce o mistério. O Governo dos Estados Unidos não tem como afirmar que os objetos vistos por pilotos da Marinha em voos ocorridos entre novembro de 2004 e março de 2015 fossem naves extraterrestres, mas tampouco consegue explicar o que são. Esta é a principal conclusão do aguardadíssimo relatório que as agências de inteligência de Washington elaboraram meses depois de revogar o sigilo sobre três vídeos em que esses fenômenos podem ser vistos, os quais, após vazarem na internet, há anos vêm alimentando as teorias sobre a existência de vida inteligente em outros planetas. O documento nas mãos de altos funcionários do Executivo, entretanto, elimina um dos principais rumores cercavam essas aparições: a grande maioria dos 120 incidentes não está relacionada a testes de projetos tecnológicos ou bélicos ultrassecretos dos EUA.

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Os últimos meses foram frutíferos para algumas teorias especulativas. Há algumas semanas, a hipótese de que o coronavírus tenha surgido por contágio dentro de um laboratório deixou os sites mais marginais para se transformar em um assunto a ser investigado. O mesmo aconteceu com os óvnis, há décadas uma obsessão para os estudiosos de assuntos paranormais. Agora, se tornou um dos raros temas de convergência entre antagonistas da política norte-americana―do ex-presidente democrata Barack Obama ao senador ultraconservador Marco Rubio. “Não podemos permitir que o estigma dos óvnis nos impeça de investigar seriamente. O relatório é um passo para esse processo, mas não será o último”, disse recentemente o legislador republicano.

Uma versão do relatório, que já foi revista por membros de alto escalão do Governo de Joe Biden, deve sair a público antes de 25 de junho. Espera-se que o documento, que terá um apêndice com informação sigilosa, oferece algumas certezas depois das grandes expectativas geradas pela investigação do Pentágono. Os pilotos que presenciaram os fenômenos aéreos a oeste da cidade californiana de San Diego, sobre as ilhas San Clemente, descreveram um comportamento errático e luzes que desafiavam as regras da física, provenientes de um objeto com forma de pílula. De acordo com esses depoimentos, as supostas naves não tinham motores ou escapamento visíveis, e foram registradas a mais de 9.000 metros de altitude, a grande velocidade. Um destes objetos fez voos diários entre o segundo semestre de 2014 e março de 2015. “Acelerava como nunca vi”, disse David Fravor, um dos pilotos da Marinha, em uma entrevista.

O documento, afirma o The New York Times, admite que muitos destes encontros são difíceis de explicar. Elimina a possibilidade de que fossem objetos como balões-sonda ou balões meteorológicos, pois suas trajetórias não respeitavam as mudanças de velocidade do vento. Algumas fontes afirmaram ao jornal que existe preocupação de que se trate de experimentos feitos por potências rivais, como a Rússia e a China, com tecnologia supersônica para evadir radares antimísseis.

Há um responsável pelo atual furor em torno dos óvnis nos Estados Unidos. Chama-se Harry Reid e foi o líder dos democratas no Senado durante 12 anos, de 2005 a 2017. Originário do Estado de Nevada, foi o responsável por financiar durante uma década, a partir de 2007, um projeto secreto do Pentágono para investigar se as aparições de óvnis representavam um risco para a Terra. O senador se tornou um importante defensor da necessidade de investir na pesquisa científica desses fenômenos, declarando publicamente que ficou “fascinado” com as coisas que viu em uma visita à lendária Área 51, onde as descobertas sobre a suposta vida extraterrestre são guardadas sob o mais rigoroso sigilo. Recentemente, Reid disse ao The Guardian que o Congresso deveria liderar os esforços de investigação. “Não acredito que o relatório vá nos dizer muito”, afirmou o ex-político, de 81 anos, demonstrando certa desconfiança em relação ao Pentágono.

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Não é a primeira vez que a política norte-americana tem preocupações extraterrestres. O presidente Jimmy Carter, convencido de ter visto um óvni em meados dos anos setenta, pediu à NASA que promovesse uma investigação sobre o fenômeno. A agência espacial recusou a sugestão do democrata, antecipando que provavelmente seria muito cara e traria resultados pouco proveitosos. Alguns anos atrás, a Força Aérea investiu milhões de dólares em um programa de vigilância dos céus, com poucos benefícios. Barack Obama foi um dos últimos a aderir à tendência. “Fora de brincadeira, tem vídeos e registros de objetos nos céus que não sabemos exatamente o que são”, disse o ex-mandatário no programa de James Corden. Washington ainda não consegue esclarecer essa dúvida. Ou não quer.

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