Ex-deputado Roberto Jefferson é preso pela PF em investigação que apura milícias digitais
Mandado de prisão do presidente do PTB, aliado de Bolsonaro, ocorreu dentro do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal que investiga a existência de associação criminosa digital para atentar contra a democracia
A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson. O mandado de prisão preventiva foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e faz parte do inquérito que apura a suposta ação de milícias digitais no país. A prisão ocorreu no município fluminense de Levy Gasparian, a cerca de 140 quilômetros do Rio de Janeiro.
A ordem do Supremo também determinou o bloqueio de conteúdos publicados pelo ex-deputado e aliado do presidente Jair Bolsonaro, em redes sociais e a apreensão de armas, munições e mídias de armazenamento de informações, como computadores, celulares e tablets. Moraes também ordenou o bloqueio da conta de Jefferson no Twitter.
O inquérito das milícias digitais, aberto em julho, é uma continuidade das investigações dos atos antidemocráticos, que apura a existência de uma ordem criminosa que estaria agindo contra o Estado democrático de direito. A organização seria dividida em núcleos, como o de produção de conteúdo, publicação em redes sociais, financiamento e político. A PF também trabalha com a hipótese de que o grupo tenha recebido verba pública para se financiar.
Assessores da presidência, que fariam parte do chamado “gabinete do ódio”, que seria encarregado de promover ataques virtuais a desafetos do presidente e de seus filhos, também estão na mira das investigações.
O ex-deputado Roberto Jefferson tem publicado em suas redes sociais fotos com armas, na esteira da aproximação ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, que defendem o armamento da população. Ainda nas redes, Jefferson tem defendido o voto impresso, uma das principais pautas de Bolsonaro neste momento, e atacado os ministros do Supremo. Em uma entrevista a um canal no Youtube no ano passado, o ex-deputado chegou a defender que os ministros da corte são “lobistas” e “malandros” e deveriam ser julgados “na bala”, caso defendessem o que ele classificou como “ideologia de gênero. “Nós temos que entrar lá e colocar para fora na bala, no pescoção, no chute na bunda, aqueles 11 malandros que se fantasiaram de ministros do Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
Em 2005, o ex-deputado ganhou os holofotes ao denunciar, em uma entrevista à Folha de S. Paulo, o esquema do mensalão, em que o Governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva repassava dinheiro a deputados da base. Naquele mesmo ano, Jefferson teve o mandato cassado por ter mentido, acusando outros deputados sem provas.
Sete anos mais tarde, em 2012, ele foi condenado no julgamento do mensalão, a 7 anos de prisão, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
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