Após dia de embates, apoiadores de Guaidó deixam embaixada da Venezuela em Brasília

Polícia Militar chegou a ser chamada para controlar as pessoas que estavam do lado de fora da representação diplomática, segundo divulgou o jornal 'Metrópoles'

Apoiadores do presidente Nicolás Maduro do lado de fora da Embaixada em Brasília.SERGIO MORAES (REUTERS)
Regiane Oliveira Agências
São Paulo -

A embaixada da Venezuela foi invadida na manhã desta quarta-feira por um grupo de simpatizantes de Juan Guaidó, líder da oposição e reconhecido como presidente por dezenas de nações que rejeitam o Governo Nicolás Maduro como ilegítimo, entre elas o Brasil. A Polícia Militar chegou a ser chamada e utilizou spray de pimenta para conter as cerca de 30 pessoas que estavam do lado de fora da representação diplomática e tentavam derrubar o portão para entrar no local, segundo o jornal Metrópoles. Após horas de embates, os aliados de Guaidó deixaram a embaixada por volta das 17h40.

A Venezuela está sem representante oficial no Brasil desde 2016, quando Nicolás Maduro retirou o embaixador em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff. Um diplomata brasileiro foi enviado ao local, junto com o batalhão Rio Branco — a tropa da Polícia Militar do Distrito Federal encarregada da segurança das embaixadas — para tentar mediar a situação. O Governo federal, no entanto, não tem jurisdição sobre a Embaixada, que é oficialmente território venezuelano. De acordo com uma fonte diplomática que falou com a Reuters, a situação é confusa, com um grupo acusando o outro de invasão, e há um impasse no momento.

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O deputado petista Paulo Pimenta também se dirigiu à Embaixada para tentar mediar a situação. Ele acusou pelo Twitter o presidente Jair Bolsonaro de apoiar, "ainda que não assuma publicamente", o que chamou de "invasão paramilitar da Embaixada da Venezuela em Brasília".

Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional informou que “o Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó”. Disse ainda que “as forças de segurança, da União e do Distrito Federal, estão tomando providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade”.

No momento da invasão, Freddy Meregote, encarregado de negócios da Embaixada da Venezuela, disparou áudios pedindo ajuda para conter os invasores. "Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão entrando [na Embaixada], estão violentando o território venezuelano. Necessitamos de ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos", disse Meregote, conforme apurou a Folha de S. Paulo.

A ação foi comemorada pelo opositor do regime Julio Borges, nomeado por Guaidó como ministro das relações exteriores. “Diplomatas venezuelanos ficaram do lado da democracia e entregaram a sede da embaixada venezuelana no Brasil ao Governo legítimo. Diante disso, o corrupto e ex-militar do CADIVI, Manuel Barroso, agrediu a sede com grupos violentos do Fórum de São Paulo e agentes cubanos ”, escreveu no Twitter, em relação ao general chavista que está no Brasil.

A advogada venezuelana María Teresa Belandria Expósito, nomeada por Guaidó para ser a representante no Brasil, divulgou uma nota informando sua versão dos fatos, na qual garante que a entrada dos apoiadores foi pacífica e autorizada pelos funcionários. Segundo ela, um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contato para informar que reconheciam Guaidó como presidente e, "voluntariamente", abriram a sede diplomática "à representação legitimamente credenciada no Brasil", o que foi comunicado ao Ministério das Relações Exteriores, em Caracas.

Ao entrar na sede, os funcionários que viviam ali foram notificados da ação e convidados a "participar do trabalho na Embaixada", com todos os direitos trabalhistas garantidos. Também comunicaram sua disposição para mediar junto à autoridades brasileiras, caso decidam não sair do país. Encerrou a nota solicitando que todos os funcionários credenciados na embaixada e nos sete consulados da Venezuela "adotem essa mesma decisão".

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