O aplicativo que analisa as conversas do Whatsapp para saber se a relação de amizade na verdade é romântica
Mei, que funciona através de um algoritmo de inteligência artificial, gera dúvidas sobre as garantias de privacidade para os usuários
A inteligência artificial pode nos ajudar a encontrar um par. O Mei é um aplicativo que analisa as palavras e expressões das conversas do Whatsapp para comunicar ao usuário se a pessoa com quem está falando oculta algum segredo, manifesta níveis anormais de tédio ou nutre algum interesse romântico pelo interlocutor. Nos EUA e Canadá, está no mercado desde junho e já foi baixado por mais de 600.000 pessoas.
“Os namoros no futuro estarão, em grande medida, baseados em dados”, afirma Es Lee, fundador do Mei. O aplicativo que agiliza o processo de busca de parceiro não só dirá se a conversa está num bom caminho como também poderá, se detectar certo grau de desconforto no diálogo, dar conselhos sobre como solucionar a distância comunicacional, ou seja, como se aproximar do outro. “Se notar uma grande diferença em um traço específico, como a espontaneidade, em que o usuário se encontra muito baixo e seu contato muito alto, ressaltará esse traço e dará conselhos sobre como mudar. O objetivo é ajudar os usuários a reconhecer se é diferente das pessoas com as quais conversa, para que possam tentar se relacionar melhor”, afirma Lee.
O Mei funciona com um algoritmo que utiliza modelos de redes neuronais que analisam todas as palavras usadas na conversação. “Temos modelos que não só predizem se uma relação é romântica ou não romântica, como também podem predizer 30 traços de personalidade diferentes dos autores dos textos”, diz Lee. Não há palavras precisas que o algoritmo detecte como românticas ou não, mas seus criadores confirmaram que palavras como sono e noite estão altamente correlacionadas com as relações românticas. Entretanto, se um usuário as repetir deliberadamente com ou sem sentido o algoritmo imediatamente percebe e alerta que algo estranho está ocorrendo.
O principal problema de aplicativos desse tipo é que seus usuários costumam ser muito jovens. Segundo o site do Mei, é preciso ter pelo menos 13 anos para baixá-lo. “Entretanto, é fácil que um menor de 13 a baixe simplesmente dizendo que é maior. O Facebook instalou um sistema para que o usuário verifique sua idade com seu RG, mas os demais aplicativos podem ser enganados”, afirma Sergio Maldonado, CEO do Privacy Cloud.
“Temos modelos que não só predizem se uma relação é romântica ou não romântica, como também podem predizer 30 traços de personalidade diferentes dos autores dos textos”
Mas o problema mais significativo é a proteção de dados. O Mei não cumpre a normativa europeia para isso, segundo a documentação em seu site. “Mas é de se esperar que a adaptem antes de lançá-lo na Europa com uma política de privacidade atualizada e, provavelmente pedirão consentimentos explícitos para que a empresa armazene informação do usuário”, afirma Maldonado. Há alguns meses, viveu-se uma onda de preocupação quando saiu o aplicativo Faceapp. “Ninguém lê as condições, e mesmo que as lessem, o público geral não as entenderia. Além disso, isso não garante que o usuário saiba a verdade, porque as políticas de privacidade são muito genéricas”, acrescenta Maldonado.
“O aplicativo também reúne todas as chamadas feitas pelo usuário, toda a base de dados das mensagens e, no futuro, poderá utilizar os dados de informação de uso, informação do conteúdo, informação do dispositivo, as mensagens e a agenda, a localização”, denuncia Eusebio Nieva, diretor técnico da Checkpoint na Espanha e Portugal. Muitos aplicativos obtêm informações dos usuários. O buscador Google proporciona uma série de serviços em troca dessa informação. “Mas neste caso ele está tirando mais informação que o Google, sem um benefício tangível para o usuário”, acrescenta Nieva.
O Mei também poderia contar com informação desagregada. “a partir de conversas e análise de texto eles podem segmentar informação. Obtêm dados que podem usar para, por exemplo, conhecer os gostos dos usuários e depois vendê-los a terceiros para temas publicitários”, conclui Nieva.
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