Protestos contra cortes na educação: “O que o presidente diz é uma ofensa a nós que viemos às ruas”
Bolsonaro chama de “idiotas úteis” manifestantes que vão às ruas cortes no ensino. Ministro da Educação vai ao Congresso para explicar a diminuição da verba na educação

Estudantes e entidades ligadas à educação realizaram nesta quarta-feira, 15 de maio, manifestações e uma greve nacional em protesto contra o corte de verba destinada ao ensino, anunciado pelo Governo do presidente Jair Bolsonaro. Além do contingenciamento de repasse destinado a universidades federais e a programas de pesquisa, as entidades estudantis protestam contra as declarações polêmicas do ministro Abraham Weintraub, que associou o corte a atos de "balbúrdia". Os manifestantes também reagiram à difamação das instituições de ensino superior que têm sido alvo por meio de correntes via WhatsApp. Paralelamente aos protestos e à paralisação das aulas, o ministro da educação presta esclarecimentos aos deputados federais no plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira.
Acompanhe ao vivo a audiência com o ministro Abraham Weintraub
Veja como foram os protestos e a repercussão da greve:


BRASÍLIA. Ânimos exaltados no plenário da Câmara. Enquanto a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) discursava, chamando o ministro Abraham Weintraub de mentiroso, arrogante e de idiota inútil, o governista Éder Mauro (PSD-PA) fazia chacota dela. Talíria desceu do palanque e disse: "respeite as ruas". Ao que Éder respondeu: "Vou respeitar rua nenhuma". Ela foi pra cima dele. Tiveram de ser contidos. Carla Zambelli (PSL-SP) tentou defender Éder Mauro. Os seguranças e alguns parlamentares acabaram segurando todos os envolvidos. A confusão deixou a sessão suspensa por quase dez minutos.



BRASÍLIA. Mais um deputado volta a dizer que o ministro estaria mentindo. Daniel Coelho (Cidadania-PE) disse que o presidetnte Bolsonaro afirmou a 12 deputados que o contingenciamento da educação estaria suspenso. “O presidente disse com clareza que não haveria mais contingenciamento”. Seguno ele, acabou sendo desautorizado por seu chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. "Que nível de confiança a gente tem com o Governo e com o ministro Onyx e com o próprio presidente da República se ele dá a palavra e depois muda?"


BRASÍLIA. Vice-líder do PROS, Capitão Wagner, esteve em uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, quando o mandatário fez uma ligação para o ministro Abraham Weintraub e determinou que os cortes na educação fossem suspensos, conforme os relatos de 12 deputados. Na tribuna da Câmara perguntou ao ministro se essa ligação ocorreu ou não. “Para acabar com esse disse me disse. Ou houve essa ligação ou não houve. Não acredito que o presidente fingiu ligar pro ministro".
Em resposta, Weintraub disse que a ligação houve e que os deputados não ouviram suas respostas. Tratou o caso como um mal-entendido. "Foi um telefone sem fio", explicou. E alegou que ele disse ao presidente que não havia cortes, mas contingenciamentos. "Os cortes não podem voltar atrás".

BRASÍLIA. Líder do PSOL, Ivan Valente, recorre a Einstein para criticar o ministro Weintraub. "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana". Diz ainda que ele deve entrar para a história como um dos piores ministros brasileiros. "Pensamos que o Vélez era ruim, mas esse é pior".


São Paulo. O trânsito de veículos já foi liberado na Avenida Paulista. Manifestantes seguem caminhando pela Avenida Brigadeiro Luis Antônio em direção à Alesp. A grande multidão que havia se concentrado nesta tarde começa a se dividir. Parte dos manifestantes segue na Avenida Paulista, outros já deixam o ato. São intensas as filas nas estações de metrô neste momento.



RIO DE JANEIRO."Somos sofressoras e não professoras. Esse estado nos maltrata. Recebemos um salário irrisólio que não condiz com a nossa profissão. Trabalhei 51 anos em escola, como professora e supervisora", disse Marina Gomide, de 80 anos, que foi protestar no Centro do Rio ao lado das suas colegas de profissão. "Estamos aqui para dizer não para esse corte na educação. Não aceitamos isso!", afirmou Jane Rocha de Oliveira, de 70 anos, professora aposentada do estado. "Esse governo é horrível, insuportável, deplorável. Como um presidente vai para o exterior e fala mal do próprio país?", comentou Marise Gomes, de 58 anos, professora do estado.


De piadas com "Mito só se for côndria" a "educação é a melhor arma": os melhores cartazes dos atos de hoje http://cort.as/-IFlW



São Paulo. Volta a chover na Avenida Paulista, e manifestantes cantam: “Pode chover, pode molhar, mas contra o Bozo eu não paro de lutar”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro. Os manifestantes ocupam os dois sentidos da emblemática avenida e caminham em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Este é o primeiro grande ato de oposição a Bolsonaro desde que ele assumiu a Presidência da República.



Em São Paulo, a estudante de Letras Dayane Ferreira Reis e o estudante de Pedagogia Hugo Leonardo Souza, ambos da Unifesp, foram às ruas protestar contra os cortes nas universidades. “Fui enganada a vida toda que a Educação não era pra mim porque sou preta e pobre. Vim mostrar que a universidade também é minha”, diz Dayane.


Petista Haddad faz discurso em manifestação em São Paulo
São Paulo. Repórter Beatriz Jucá informa da av. Paulista: “Nós vamos educar Bolsonaro. É ele que precisa ser educado, e nós vamos dar essa lição a ele até ele aprender”, diz o petista Fernando Haddad em discurso durante a manifestação. Derrotado por Bolsonaro nas últimas eleições, Haddad criticou os cortes na Educação e convocou a população a não deixar as ruas até que o presidente “devolva cada centavo” para a área. Haddad também criticou que Bolsonaro, que foi duas vezes aos EUA desde que tomou posse e nenhuma ao Nordeste (ele deve fazê-lo no final do mês, visitando Recife). “É a pátria que ele escolheu servir”, disse o petista.
A participação mais ostensiva dos partidos políticos e a mistura da pauta contra os cortes com gritos de "Lula Livre" é um tema que preocupava algumas lideranças antes do protesto. A ideia era tentar fazer uma coalizão maior e evitar cair em cheio na polarização política.
Mais informações
Arquivado Em
- Ministério Educação
- Professores universitários
- Abraham Weintraub
- Jair Bolsonaro
- Presidente Brasil
- Universidades públicas
- Greves gerais
- Estudantes universitários
- Presidência Brasil
- Greves
- Ensino público
- Estudantes
- Governo Brasil
- Universidade
- Brasil
- Governo
- Educação superior
- América do Sul
- América Latina
- Sistema educativo
- América
- Educação
- Trabalho
- Política
- Administração pública