Peter Dinklage: a vida privada do ator mais carismático de ‘Game of Thrones’
Daquela sábia decisão de seus pais até o casamento secreto em Las Vegas, passando por uma adolescência ouvindo Pixies e fumando maconha
Em 11 de junho 1969, os pais de Peter Dinklage –Tyrion Lannister em Game of Thrones – tinham duas opções: assumir a acondroplasia de seu recém-nascido como uma doença que o incapacitaria por toda a vida ou fazer como se esta não existisse. Não foi muito difícil para eles escolherem. O casal (um vendedor de seguros e uma professora de música) decidiu ignorar o nanismo do filho. Por exemplo: nunca baixavam as coisas das prateleiras mais altas para que o filho tivesse acesso mais fácil a elas. Não era sadismo. Era uma questão de fé. A família esperava que o ator acabasse alcançando-as por si mesmo, como qualquer outra criança.
O ator mede 44 centímetros menos do que a média dos homens espanhóis: 1,34 metro em comparação com os 1,78 nacionais. “Nunca falei sobre a minha estatura com a minha família. Não havia nada a explicar. É como ter que explicar suas mãos. Você cresce com isso, é parte de você, não é algo que aparece de repente uma noite, como, por exemplo, uma doença”, admitiu Dinklage durante uma entrevista em profundidade que deu para a Rolling Stone. No entanto, confessa que enfrentar suas circunstâncias nem sempre foi indolor. “Lembro-me de me ver em uma gravação de uma apresentação da escola e pensar: ‘Puxa, sou muito mais baixo do que o resto das crianças’. Foi de partir o coração.”
Seu interesse pelo mundo do espetáculo chegou cedo. Aos seis anos, começou a organizar apresentações em casa com o irmão mais velho. Os irmãos montavam baterias com latas de atum e tocavam o álbum Quadrophenia, do The Who, no porão. “Fazíamos o disco inteiro e vendíamos ingressos. Colocávamos os alto-falantes virados para baixo no andar de cima para que a música soasse pelo teto”, disse o ator à revista. Durante seus anos de faculdade – ele se formou em teatro – Dinklage confessa que fumava muita maconha, se vestia de preto e ouvia bandas de rock alternativas como Dinosaur Jr. e Pixies.
Os esforços dos pais para naturalizar o problema genético do filho acabaram forjando em Peter Dinklage (Nova Jersey, EUA, 1969) uma personalidade avassaladora. Se o seu nanismo lhe deu a oportunidade de interpretar o personagem mais carismático da ficção televisiva mais contundente da última década, Game of Thrones, sua loquacidade fez dele um autêntico sedutor sem necessidade de se encaixar nos cânones sociais preestabelecidos. “Durante um jantar, olhei ao redor e vi que todas as mulheres, inclusive a minha, estavam concentradas em suas palavras, enfeitiçadas”, confessa David Benioff, cocriador da série da HBO que acaba de estrear sua oitava e última temporada. Qualidade que sua mulher, a diretora de teatro Erica Schmidt (Estados Unidos, 1975), confirma: “Peter adora flertar e faz isso muito bem. Ultimamente as mulheres estão quase lambendo o rosto dele”.
Emilia Clarke, mãe de dragões, a que não queima e quebra correntes, também conhecida como Daenerys Targaryen em Game of Thrones, corrobora as palavras da esposa do ator. “O charme dele é irresistível. Uma vez, minha mãe, que é muito inglesa, foi me ver nas filmagens da série e eu nunca a tinha visto corar tanto quanto quando ela começou a conversar com Peter. Sua inteligência é mais aguda que a de Tyrion.”
O próprio Dinklage, que não é alheio a suas habilidades, explica em uma entrevista à revista XL Semanal seu sucesso com o sexo feminino: “As mulheres costumam se sentir atraídas por homens que confiam em si mesmos. Confiança e senso de humor. Isso me caiu bem, realmente. Sem dúvida me deu minhas oportunidades”.
O intérprete do sucesso da HBO está consciente de que a série marcou um antes e um depois para os atores que, como ele, sofrem de acondroplasia. “Antes de o meu personagem aparecer em Game of Thrones, pessoas da minha estatura não interessavam nenhum produtor”, afirmou.
Dinklage se casou secretamente com Schmidt em Las Vegas, em 2005, antes que o sucesso de Game of Thrones se instalasse em sua vida. “Tive que ir à cidade para participar de um evento beneficente e, já que estávamos lá, decidimos fazê-lo. Foi um pouco solitário. Temos um vídeo VHS do casamento que ninguém jamais verá porque o enterramos dentro de uma caixa”, confessou ao The New York Times. O casal tem dois filhos (um de seis anos e outro de dois) e desde 2012 vive longe da agitação mundana (e da enorme atenção midiática que os persegue) em uma área rural nos arredores de Nova York. Dinklage é um dos poucos norte-americanos em uma série dominada por atores britânicos.
Precisamente dirigindo pelas ruas de seu condomínio, finge ser Ryan Gosling motivado pela trilha sonora de Drive –filme protagonizado por Gosling– que coloca no carro. “Como isto aqui não é Los Angeles [cidade onde Drive foi rodado], não funciona tão bem”, comentou com ironia o ator na revista Rolling Stone. O homem que dá vida a Tyrion Lannister confessa que às vezes fica surpreso imaginando se Ryan Gosling agiria dessa ou daquela maneira enquanto realiza tarefas cotidianas como comprar uma motosserra para cortar os galhos das árvores de seu jardim.
“Tyrion é o personagem de que todo mundo gosta. Acho que é óbvio que ele está do lado dos bons. Mesmo quando mata o pai, você imediatamente entende o porquê”, explica Nikolaj Coster-Waldau, que interpreta seu irmão, Jamie Lannister, na aclamada série. Nikolaj está exagerando? Que Tyrion seja o personagem favorito do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, parece indicar que o homem que dá vida ao único Lannister manco coloca em palavras o que a maioria dos fãs sente.
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