_
_
_
_
_

Acusado de matar Marielle foi avisado de que seria preso, diz promotora

Por causa de vazamento, operação que prendeu Ronnie Lessa e Elcio Queiroz precisou ser antecipada

Polícia Civil expõe imagens de suspeitos no caso Marielle Franco no Rio de Janeiro.
Polícia Civil expõe imagens de suspeitos no caso Marielle Franco no Rio de Janeiro.Tomaz Silva (Agência Brasil)
Mais informações
Acusados de matar Marielle, PM e ex-PM são presos no Rio de Janeiro
Caso Marielle: O que se sabe até agora sobre o crime que completa um ano

"Ronnie confirmou que havia sido avisado [da operação e da prisão]”, afirmou a promotora do Gaeco/MPRJ (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Letícia Emile, na tarde desta terça-feira, em coletiva de imprensa que apresentou detalhes da denúncia contra Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, os dois acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes. Eles atuaram como atirador e motorista no crime, respectivamente. O nome de Ronnie, segundo a promotoria, apareceu em meados de outubro do ano passado a partir do trabalho dos setores de inteligência. A equipe do MP envolvida no caso afirmou que o crime pode ou não ter mandante e afirmou que isso é um tema para a segunda fase da investigação.

“O Ronnie tinha um perfil bastante reativo a pessoas que lutavam pelas minorias. Isso ficou suficientemente comprovado a ponto de o Ministério Público apontar em sua denúncia essa motivação”, afirmou a promotora que coordena os trabalhos do caso, Simone Sibilio, que também destacou a relação de amizade dos dois ex-PMs. “Eram amigos e tinham sido do Batalhão de Choque da PMERJ. Durante o Carnaval, eles estavam em uma casa alugada em Angra dos Reis andando de jetski”, declarou.

De acordo com a denúncia, o homicídio tem as seguintes qualificadoras: “motivo torpe, interligado a abjeta repulsa e reação à atuação política de Marielle na defesa de suas causas”, ter sido praticado mediante emboscada e sem chance de defesa da vítima. Além desses elementos, a promotoria destaca que a morte de Anderson Gomes e a tentativa de matar a assessora da vereadora configuram “queima de arquivo”. Além de serem denunciados por homicídio qualificado (art. 121), Ronnie e Élcio também vão responder por receptação (art. 180) referente ao veículo Cobalt prata, que tinha a placa clonada e foi usado no dia do crime. “Hoje não é dia de sorrir, mas de refletir”, afirmou Simone.

“O crime foi muito bem pensado e planejado de forma a dificultar as investigações”, afirmou a promotora Letícia Emile, que destacou, assim como mais cedo informou o delegado titular da DH, Giniton Lages, que o trabalho entra em uma segunda fase e vai continuar. Com relação a ligação dos dois acusados com atividades de milícias, a promotora Letícia Emile é cuidadosa. “Não há como saber com certeza se o Ronnie participava de milícia. Mas há indícios de que ele participava de alguma atividade paramilitar, mas que não é em Rio das Pedras”, afirmou, em referência ao reduto clássico de milicianos na zona oeste do Rio. A promotora destacou, no entanto, que Ronnie Lessa, conhecido mais pelo sobrenome, tinha uma academia na região.

Texto originalmente publicado no site da Ponte Jornalismo

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_