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O cinema imita a pintura: Dalí em ‘Mad Max’ e Hopper em ‘Psicose’

O cineasta Vugar Efendi cria vídeos nos quais compara quadros com filmes

Héctor Llanos Martínez

Para Vugar Efendi, cineasta de 25 anos nascido no Azerbaijão, é difícil ficar quieto. Já viveu em países como Ucrânia, Turquia, Reino Unido e Espanha. Também é difícil se concentrar em um só campo criativo. Faz fotografias, roda curtas-metragens e documentários. E cria ensaios sobre cinema, mas, em vez de fazer isso no formato de texto, edita vídeos mostrando suas ideias.

Nesses vídeos, compartilhados em suas redes sociais, compara a influência da pintura no cinema. Por exemplo, ele lembra que um quadro de Edward Hopper inspirou Hitchcock na criação da casa de Psicose (1960), e mostra como Dalí está presente em Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Uma recompilação de seus trabalhos viralizou no Facebook em dezembro, ultrapassando 2,8 milhões de reproduções.

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“Vivemos cercados de arte, mas muitas vezes não percebemos isso”, diz ao EL PAÍS por telefone. Efendi passou vários anos estudando na Espanha durante sua adolescência. Foi sua relação com o país que o ajudou a perceber que a pintura e o cinema estão ainda mais próximos do que acreditamos.

Visitar a casa-museu de Dalí em Cadaqués lhe deu a ideia de criar o primeiro de uma série de vídeos intitulada Film Meets Art (“o filme se encontra com a arte”).

Especificamente, foi a união do artista catalão e de Luis Buñuel no curta-metragem Um Cão Andaluz que lhe deu uma primeira ideia do que queria fazer. O diretor rodou o filme, mas foi o pintor que escreveu o roteiro, dando-lhe o tom surrealista e onírico que aparece em seus quadros.

“Diferentemente de outras áreas da cultura, como a música, a fotografia e o teatro, o cinema consegue ser uma combinação de todas elas", explica Efendi. Um de seus vídeos conta como a história em quadrinhos se transforma em cinema no filme Watchmen (2009).

Embora algumas das referências que ele inclui em seus vídeos sejam evidentes para o espectador médio, Efendi pesquisa durante semanas para rastrear casos menos conhecidos e criar novas obras para compor seu portfólio profissional.

“Recebo muitas reações cada vez que publico um vídeo, mas prefiro não forçar o conteúdo, por isso só faço outro se aparece um tema interessante que eu possa abordar. Além disso, quantos mais vídeos faço, mais ambicioso e perfeccionista sou com os seguintes”, comenta.

Uma dessas associações inclui O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, que Terry Gilliam reproduziu no filme As Aventuras do Barão Munchausen. “Antes, o Renascimento era a corrente pictórica favorita dos diretores. A partir dos anos 90, os filmes deixaram de fazer referência à arte clássica”, diz o autor destes ensaios em vídeo. Agora ele trabalha como cineasta independente e colabora com museus criando conteúdos audiovisuais, assinala.

Efendi também dedicou um vídeo ao filme O Regresso, de Alejandro González Iñárritu, e não se importaria em fazer o mesmo com Roma, de Alfonso Cuarón, “um filme que não imita um quadro em particular, mas está cheio de beleza pictórica”, diz.

Atualmente, trocou os quadros pela história e cria vídeos com filmes que reproduzem grandes momentos do passado. Aqui podemos ver outros de seus trabalhos.

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