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Renato Meirelles: “Nem Bolsonaro nem Marina vão para o segundo turno desta eleição”

O pesquisador é presidente do instituto Locomotiva e especialista em consumo e opinião pública

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Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisa Locomotiva, vê com cautela os prognósticos que apostam que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, hoje liderando as pesquisas sem o ex-presidente Lula no páreo, estará o segundo turno neste eleição. “Acho que os dois líderes das pesquisas num cenário sem Lula – Bolsonaro e Marina Silva – não estarão no segundo turno”, diz ele. Para Meirelles, o capitão da reserva mantém um discurso que fala para poucos (“ele prega para convertidos”) e não prega união no país, algo que vai cobrar seu preço ao longo da campanha. “Ele vai tentar blindar o eleitorado atual, e ir ou não ir ao segundo turno tem a ver com a capacidade de blindar esse eleitor. Mas não é tarefa fácil para o nome do PSL, pois a televisão joga processo fundamental na eleição”, diz o pesquisador. Meirelles conversou com a diretora do EL PAÍS Brasil, Carla Jiménez, nesta quarta-feira, parte do programa ao vivo semanal sobre política durante a campanha eleitoral, transmitido no Facebook e na página do jornal. 

A propaganda política na televisão começa nesta sexta, dia 31. É nesse momento que Bolsonaro deve perder o poder da narrativa sobre a sua candidatura, prevê Meirelles. Isso porque o presidenciável tem somente oito segundos de propaganda e os demais candidatos vão aproveitar seu tempo para avançar sobre as fragilidades do que hoje lidera as pesquisas. “Não adianta ele ir muito bem no debate, se a versão sobre ele será dado pela propaganda eleitoral, que ele não tem, e pela imprensa, que ele não gosta e que também não gosta dele”, afirma.

Já Marina Silva, presidenciável da Rede, não teria força para avançar na corrida eleitoral por não ter se livrado do rótulo de candidata frágil quando o país pede, nesta eleição, mais energia para romper “com tudo que está aí”. A eleição, entretanto, ainda reserva muitas surpresas e deve ser decidida nos 48 do segundo tempo, na sua visão. “Teremos dois candidatos dificilmente com mais de 20% para passar ao segundo”, diz.

Publicitário, Meirelles dedicou sua carreira a entender como pensa, consome e vota a classe emergente no Brasil, foi fundador dos institutos de pesquisa DataFavela e DataPopular antes de montar o Locomotiva. A entrevista fez parte do Segunda com Política, que excepcionalmente nesta semana foi ao ar na quarta-feira. Assista aos programas anteriores, nos quais Jiménez entrevistou a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, Ivo Herzog, do Instituto Vladimir Herzog, e a socióloga Fátima Pacheco Jordão.

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