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Espionagem dos EUA descobre que a Coreia do Norte desenvolve novos mísseis

Revelação do 'The Washington Post' coloca dúvidas sobre a vontade de Pyongyang de avançar na desnuclearização

Pablo de Llano Neira

A Coreia do Norte trabalha na construção de novos mísseis com capacidade de carga nuclear à longa distância, de acordo com informações do The Washington Post. O jornal norte-americano cita fontes da inteligência dos EUA que teriam assegurado que sua espionagem detectou evidências de que em uma fábrica próxima a Pyongyang, capital norte-coreana, estariam sendo fabricados um ou dois mísseis balísticos intercontinentais. A revelação coloca dúvidas sobre a vontade real do regime de Kim Jong-un de avançar nas negociações de desnuclearização que mantém com o Governo de Donald Trump.

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O The Washington Post, com base em fontes anônimas, afirma que as produções balísticas estão sendo realizadas na fábrica de Sanumdong, onde foi feito o primeiro foguete intercontinental norte-coreano com capacidade para alcançar os Estados Unidos. O serviço de espionagem dos EUA teria, entre outras provas, várias fotos de satélites tiradas nas últimas semanas.

Poucos dias atrás especialistas da página especializada 38North chegaram à conclusão, a partir de imagens de satélites, de que Pyongyang estava demolindo uma das maiores instalações de sua agência aeroespacial, fundamental ao desenvolvimento e testes dos motores de seus mísseis balísticos. As fotos mostravam a destruição parcial de edifícios do complexo e guindastes.

No dia 12 de julho, Trump comemorou o fato de Kim lhe enviar uma carta na qual o ditador norte-coreano se dizia “convencido” de que ocorreram “progressos” nas relações entre os dois países. Para Trump era uma amostra do compromisso de Pyongyang de seguir o roteiro marcado por sua declaração conjunta de 12 de junho, após a reunião dos dois mandatários em Singapura.

Trump e Kim conversaram nessa ocasião sobre a possibilidade de se estabelecer um regime de paz duradouro na península coreana que dê garantias de segurança à Coreia do Norte em troca da renúncia de seu programa nuclear. Ao voltar de Singapura, um Trump triunfante declarou que a Coreia do Norte já não significava uma “ameaça nuclear”. O compromisso de Singapura, de qualquer forma, foi vago e a Coreia do Norte não assinou nenhum calendário para seu processo de desnuclearização e não abriu suas portas a inspeções.

Na semana passada no Senado, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, reconheceu que seu Governo sabe que Pyongyang continua “produzindo material fissionável”, ainda que não tenha respondido à pergunta sobre se o regime de Kim estava fabricando novos mísseis. Pompeo, que foi diretor da CIA, afirmou que estão dispostos a utilizar “uma diplomacia paciente” com a Coreia do Norte, mas acrescentou que Washington exigirá resultados: “Não permitiremos que arrastem essa situação indefinidamente”.

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