A vida nos infernos de Agnetha Faltskog, do grupo Abba
Fama de ser introvertida e suposta tendência à depressão perseguem a artista sueca, que ficou famosa com o lendário grupo pop
A, o A da Agnetha (Faltskog) e de Abba, o lendário grupo pop sueco, é o título do disco lançado em 2013 por uma de suas vocalistas, a da cabeleira loira. Foi uma ocasião especial, porque ela promoveu o trabalho pessoalmente, concedeu uma entrevista à BBC e cantou em público pela primeira vez em 25 anos, em Londres, num show organizado pela ONG Children in Need, mantida pela própria emissora britânica. Embora o Abba tenha se separado em 1982, depois de vender quase 400 milhões de discos, a fama de introvertida, o seu medo de voar e a suposta tendência à depressão perseguem Agnetha desde muito tempo antes. Ela afirma que não é “misteriosa nem tampouco está encerrada; talvez fosse a ovelha negra do grupo, e portanto mais fácil de apontar, só isso”. Uma lenda alimentada pelas reviravoltas da sua vida. Isso sim, agora que a banda prepara uma excursão virtual, protagonizada por seus quatro hologramas, preferiu mostrar sua alegria através do único comunicado oficial do grupo. Nada de câmeras. Continua tranquila em seu sítio na ilha de Ekero, em Estocolmo.
“Pensamos que depois de 35 anos seria estupendo unir novamente nossas forças e gravar. [Uma vez no estúdio] é como se o tempo tivesse parado: uma experiência radiante”, diz a nota que anuncia a turnê. As declarações de Agnetha sobre seu caráter são da conversa com a BBC, na qual reconhece que a imagem que se tem dela não é exata. Uma queixa que depois repetiu em outras entrevistas dentro e fora de seu país.
Aos 68 anos, considera-se uma mulher simples, e assim, com grande delicadeza, afirma que “estávamos todos muito cansados no Abba, e depois de nossos divórcios não havia razão para continuar juntos”. Foi casada entre 1971 e 1980 com Björn Ulvaeus, um dos compositores da banda. O outro casal do quarteto, formado pela vocalista Anni-Frid Lyngstad, e o compositor Benny Andersson, também se separou um ano depois. No decorrer de uma década, o período de glória do Abba, Agnetha se uniu a Ulvaeus, tiveram dois filhos e se separaram. E, embora já fosse famosa na Suécia antes da banda graças à sua voz de meio-soprano, seu medo cênico e de multidões, junto com sua necessidade de preservar sua intimidade, marcou sua vida posterior.
Para se recuperar do divórcio precisou de terapia, mas a morte de seus pais acabou sendo quase insuperável. Em 1994, sua mãe se suicidou, e ela disse durante muito tempo que tinha sido um acidente. Dois anos depois faleceu seu pai. Ambas as tragédias ocorreram durante o longo período de silêncio da artista (entre 1988 e 2004). Depois, teria lugar o episódio mais estranho e complexo de sua biografia. Um caminhoneiro holandês, Gert van der Graaf, um de seus admiradores mais inflamados, a perseguiu durante vários anos. Em 1997, estabeleceram uma relação íntima, que ela terminou em 1999. “Era tamanho seu interesse por mim que pensei: por que não?”, afirmou na época. O problema é que Van der Graaf não se conformou com a separação, e acabaram lhe impondo uma ordem de distanciamento por assédio. Deportado em 2000 para a Holanda, voltou em duas ocasiões à Suécia, para ser expulso de novo.
O pânico de voar, de todo modo, vem desde sempre. Na medida do possível, costumava viajar por terra enquanto o resto do grupo pegava um avião. Em 1979, durante uma turnê pelos Estados Unidos, seu voo para Boston atravessou um tornado e teve que fazer um pouso de emergência. Ela achou que viajar de ônibus seria mais agradável, mas em 1983 o veículo que a levava a uma apresentação solo na Suécia capotou na rodovia. Foi cuspida para fora do ônibus, mas escapou ilesa. A busca por tranquilidade se tornou então uma obsessão, e agora, no terreno da sua casa em Ekero, vive também sua filha, com seu marido e filhos.
Em sua biografia, intitulada Como Sou (1997), tentou iluminar as zonas escuras de sua vida. Admite ali os bons momentos com o Abba, a vitória no Eurovisão de 1974, “a gratidão e sensação de humildade por se ver aplaudida por massas de gente em diversos países”, e como foi difícil ser uma “lenda do pop”. Embora sua canção favorita seja The Winner Takes It All, composta após seu traumático divórcio, a vida em sua propriedade, cantar no seu ritmo e desfrutar de sua família são o que ela mais aprecia hoje em dia.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.