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‘Uma Mulher Fantástica’, o filme que arrasou cinco vezes no prêmio Platino

Com cinco estatuetas no festival de cinema iberoamericano, longa chileno dá relevo inédito à identidade de gênero na América Latina

A atriz chilena Daniela Vega recebe o prêmio de melhor atriz.
A atriz chilena Daniela Vega recebe o prêmio de melhor atriz.José Méndez (Efe)
MARIÉN KADNER

O filme Uma Mulher Fantástica, do chileno Sebastian Lelio, foi o grande vencedor da quinta edição dos prêmio Platino de cinema ibero-americano, realizada na Riviera Maia, no México. A produção ganhou cinco estatuetas: melhor filme ibero-americano, melhor direção, melhor roteiro, melhor atriz (Daniela Vega) e melhor direção de montagem. No dia anterior, o público já havia antecipado a decisão do júri nas categorias melhor filme e melhor atriz. O drama ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.

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Sebastián Lelio ganhou seu primeiro prêmio Platino há cinco anos por melhor roteiro. “Agora todos temos uma opinião sobre a identidade de gênero, não só no nosso país, mas também no mundo todo”, afirmou Juan de Dios Larraín, produtor de Uma Mulher Fantástica, que conta a história de uma mulher transexual que, depois da morte repentina do companheiro, vê seu mundo ser abalado pela ex-esposa e pelos filhos do falecido. Zama, da argentina Lucrecia Martel, ganhou três prêmios: melhor direção de som, arte e fotografia. O prêmio de melhor ator foi para o chileno Alfredo Castro pela atuação em Los Perros, e o de melhor obra de estreia foi para o espanhol Verano 1993, de Carla Simón, premiado com três Goya na última edição e que havia recebido o mesmo prêmio na Berlinale em 2017.

A Riviera Maia reuniu artistas de ambos os lados do Atlântico em uma cerimônia em que houve tempo para elogiar o cinema ibero-americano e também espaço para piadas entre países. O ator mexicano Eugenio Derbez imitou o sotaque espanhol em várias ocasiões e lembrou as peculiaridades de cada país ao traduzir os títulos de filmes em língua estrangeira. O espanhol Asier Etxeandia, conhecido por seu papel na série Velvet, lembrou: “Ninguém na Espanha te conhece.”

As reivindicações sociais e políticas também marcaram presença na cerimônia de igualdade real entre homens e mulheres: “A liberdade é ter mais opções e é isso que exigimos para as mulheres”, afirmou a atriz chilena Daniela Vega; a vencedora do Platino de melhor direção de arte por Zama, Renata Pinheiro, pediu a libertação do ex-presidente brasileiro: “Lula livre”.

Alberto Iglesias ganhou o Platino de melhor trilha sonora com La Cordillera; Muchos Hijos, un Mono y un Castillo, de Gustavo Salmerón, venceram a categoria documentário; o novo prêmio Cinema e Educação em Valores foi para Handia, de Aitor Arregi e Jon Garaño, e animação foi para Tadeo Jones 2. El Secreto del Rey Midas, de Enrique Gato e David Alonso.

Na televisão, a melhor série foi El Ministerio del Tiempo, e a melhor atriz de televisão, Blanca Suarez, por Las Chicas del Cable.

A atriz mexicana Adriana Barraza, Platino de Honra desta edição, lembrou a morte dos três estudantes de cinema no estado de Jalisco: “Dedico este prêmio aos milhares e milhares de jovens assassinados neste país. Como mãe e avó, mando um abraço a suas mães e avós. Como mexicana, peço que seja feita justiça. Como ser humano lamento profundamente não ter podido ver um filme deles. Dedico este Platino aos estudantes que não estão mais aqui".

Os vencedores do Platino 2018

Melhor filme ibero-americano de ficção: Uma Mulher Fantástica, Sebastián Lelio.

Melhor direção: Sebastián Lelio (Uma Mulher Fantástica).

Melhor roteiro: Uma Mulher Fantástica, Sebastián Lelio.

Melhor música original: Alberto Iglesias (La Cordillera).

Melhor ator: Alfredo Castro (Los Perros).

Melhor atriz: Daniela Vega (Uma Mulher Fantástica).

Melhor filme de animação: Tadeo Jones 2. El Secreto del Rey Midas, de Enrique Gato e David Alonso.

Melhor documentário: Muchos Hijos, un Mono y un Castillo, de Gustavo Salmerón

Melhor obra de estreia de ficção ibero-americana: Verano 1993, de Carla Simón.

Melhor direção de montagem: Soledad Salfate (Uma Mulher Fantástica).

Melhor direção de arte: Renata Pinheiro (Zama).

Melhor fotografia: Rui Poças (Zama).

Melhor direção de som: Guido Berenblum (Zama).

Prêmio Platino de cinema e educação em valores: Handia, de Aitor Arregi e Jon Garaño.

Melhor minissérie ou telesérie de filmes ibero-americanos: O Ministério do Tempo, de Javier Olivares.

Melhor desempenho masculino em uma minissérie ou teleserie: Julio Chávez

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