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Evolução humana
Análise
Exposição educativa de ideias, suposições ou hipóteses, baseada em fatos comprovados (que não precisam ser estritamente atualidades) referidos no texto. Se excluem os juízos de valor e o texto se aproxima a um artigo de opinião, sem julgar ou fazer previsões, simplesmente formulando hipóteses, dando explicações justificadas e reunindo vários dados

As inquietantes perguntas que a inteligência dos neandertais nos desperta

Extinção dessa espécie humana é um dos grandes mistérios da pré-história

Guillermo Altares
Os pré-historiadores Dirk Hoffmann e Alistair Pike colhem amostras.
Os pré-historiadores Dirk Hoffmann e Alistair Pike colhem amostras.João Zilhão
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Neandertais, a extinção dos outros humanos
O crânio que foi esburacado por um martelo hidráulico 400.000 anos depois da morte
Os neandertais continuam vivos no nosso genoma

A extinção dos neandertais motiva uma pergunta inevitável: se eles desapareceram, por que nós continuamos por aqui? Até agora, a resposta era mais ou menos simples: porque nós somos mais preparados. Os neandertais são uma espécie humana que viveu na Europa durante pelo menos 200.000 anos e que desapareceu há 40.000, justamente quando a nossa própria espécie, o Homo sapiens, chegou ao continente. Trata-se de um intervalo de tempo descomunal: para efeito de comparação, a invenção da escrita, que marca o final da pré-história e o princípio da história, ocorreu há apenas 6.000 anos, uma fração mínima do tempo que nossos primos (ou irmãos) habitaram a Europa. Eles souberam se adaptar a mudanças climáticas gigantescas e, durante o último período de sua existência, sobreviveram durante milhares e milhares de anos às brutais condições da Idade do Gelo. Mas, em um período relativamente curto, desapareceram dos registros arqueológicos.

O descobrimento, anunciado nesta quinta-feira na revista Science, de que os neandertais foram capazes de produzir arte abstrata e complexa é algo gigantesco, mas não surpreendente. Nos últimos anos, graças entre outras coisas a escavações na península Ibérica, na caverna asturiana de Sidrón e nas gibraltarenses de Vanguard e Gorham, a ideia de que foram seres brutos e bastante ignorantes caiu por terra. Medicavam-se, cuidavam de seus idosos, decoravam seus corpos com cores e plumas, foram capazes de produzir desenhos geométricos e possuíam o gene FoxP2, que permite a linguagem.

Mas essa descoberta, amparada em uma nova datação de pinturas, vai além, porque os transforma em nós. A pergunta sobre o que faz com que sejamos humanos tem muitas respostas, mas uma das mais frequentes é justamente essa: a capacidade para produzir arte e contar histórias. Agora sabemos que eles também a tinham. Então, resta a pergunta mais inquietante. O que os levou a desaparecer depois de vagarem pela Terra durante tanto tempo? Certamente não existe uma resposta, e certamente não existe uma resposta única. Nós os matamos? É possível, embora também tenham desaparecido de lugares que os sapiens não tinham alcançado. Mudou seu ecossistema com a chegada de nossa espécie? Adaptavam-se pior às transformações? Será que os deixamos sem caça? Pode ser. Em todo caso, a confirmação da complexidade de sua inteligência constitui uma gigantesca advertência sobre a fragilidade de todas as espécies, incluída a nossa.

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