Abbas pede na ONU “o fim do apartheid na Palestina”
O presidente Trump sobre uma paz entre Israel e Palestina: "Coisas mais estranhas aconteceram”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, se reuniram nesta quarta-feira em Nova York em paralelo à Assembleia-Geral da ONU. Ambos concordaram em que há oportunidade para selar um acordo que ponha fim a décadas de enfrentamento com Israel. Se for alcançado, disse Abbas, será o pacto do século. Esse aparente otimismo foi estragado quando diante das Nações Unidas o presidente Abbas enfatizou as dificuldades para retomar a negociação e a solução dos dois Estados. Pediu à entidade multilateral que trabalhe para conseguir “o fim do apartheid na Palestina”.
O fim da ocupação israelense da Palestina, afirmou Abbas em seu discurso na Assembleia Geral, é “uma parte integral dos esforços necessários para enfrentar” a ameaça do terrorismo e do extremismo na região. No entanto, denunciou a “campanha inclemente” de assentamentos por parte de Israel e a considerou um “desdém flagrante” à solução dos dois Estados. Por isso defendeu uma revisão ampla de todo o processo de paz para melhor conduzi-lo. “Temos a responsabilidade e vocês têm a responsabilidade de acabar com o apartheid na Palestina”, disse o líder palestino.
“Esgotamos todas as vias possíveis para sair do estancamento”, advertiu. O Governo de Israel, disse, “está bem ciente de que sua ocupação incita à violência e ao ódio”. E mais ainda, alertou que “atiça a animosidade religiosa”. “Ninguém quer uma guerra religiosa. Nosso conflito é político”, disse Abbas, lamentando que se esteja simulando que não existe um interlocutor palestino.
O próprio presidente dos EUA admitiu, apesar de suas palavras otimistas, que a tarefa é árdua. “Estamos trabalhando duro com todos os envolvidos com a paz no Oriente Médio”, comentou Trump com a imprensa. “Temos uma oportunidade muito boa para conseguir isso.” Mas admitiu que a questão é complexa. “Sempre pensei que é o acordo mais complexo de todos”, reiterou, “por isso vou fazer tudo o que estiver em meu coração e em minha alma para consegui-lo”. “Coisas mais estranhas aconteceram”, afirmou.
A reunião bilateral ocorreu duas horas antes da intervenção de Abbas na Assembleia Geral. Observou que desde que Trump chegou à Casa Branca as duas delegações mantiveram mais de 20 encontros. “É uma garantia”, agradeceu. E acrescentou: “Isso nos dá confiança em que se possa obter uma paz real.
A conquista da paz, como reiterou depois Abbas ante o plenário da Assembleia Geral, serve ao interesse de todas as partes na região. E em um tom de mão estendida, destacou também que o povo judeu está celebrando o Rosh Hashaná (o ano-novo) coincidindo com o ano-novo dos muçulmanos. “Se é uma indicação de algo, é de que podemos coexistir”, afirmou. “Vamos ver o que podemos fazer”, concluiu Trump.
O presidente dos EUA deixou claro que não quer prometer nada, consciente de que as conversações para obter uma solução permanente para o conflito estão estancadas há três anos. “Desde menino escuto sobre a paz no Oriente Médio”, lamentou, por isso sua grande meta no âmbito da política externa é trabalhar para que se possa retomar o diálogo bilateral nos próximos meses.
A Casa Branca evita, porém, detalhar seu plano. Além disso, sua posição não está clara. O presidente dos EUA já sugeriu diante do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que o acordo não teria por que incluir a solução dos dois Estados. “Se for rompido, temos o direito de buscar alternativas para preservar a existência de nosso povo”, advertiu Abbas no plenário da ONU.
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