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EUA investigam ataques acústicos sofridos em embaixada em Cuba

“Não temos resposta definitiva sobre a causa do que consideramos incidentes”, diz Washington

Pablo de Llano Neira
Embaixada dos EUA em Havana
Embaixada dos EUA em HavanaEFE

Um mistério turva as relações diplomáticas de Cuba com os Estados Unidos e Canadá. O Departamento de Estado reconheceu na quinta-feira que “está em curso uma investigação” sobre um suposto “ataque acústico” contra funcionários da Embaixada estadunidense em Havana, que lhes causou graves perdas auditivas, um fato estranho revelado pela agência Associated Press com base em fontes oficiais dos EUA. Acredita-se que os empregados e seus familiares tenham sido afetados por instrumentos de tecnologia de ponta situados nas imediações de suas residências ou até no seu interior. Os detalhes ainda são confusos e os EUA evitam apontar responsáveis. “Não temos resposta definitiva sobre a causa do que consideramos incidentes”, disse um porta-voz do Departamento de Estado.

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Tampouco foi especificado o número exato de pessoas com o problema. Houve a confirmação de que o fenômeno se deu no final de 2016, quando funcionários dos EUA em Havana “começaram a ter indisposições” e “vários sintomas físicos”. Os afetados receberam tratamento médico e depois foram repatriados.

Ao caso dos estadunidenses se somou na quinta-feira uma denúncia idêntica do Canadá, que informou que um de seus diplomatas em Cuba também teve uma perda de audição sem causa aparente. “Estamos cientes dos estranhos sintomas que afetam o pessoal canadense e estadunidense e suas famílias em Havana”, declarou uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores no Canadá. Segundo a rede CNN, a inteligência dos EUA está investigando a possível participação de um terceiro país nos ataques.

Investigações em Havana

O Governo cubano garantiu na quarta-feira que nunca permitiu que na ilha fossem realizadas ações contra representantes diplomáticos do país vizinho. A chancelaria expressou em um comunicado que, ao ter notícia do peculiar incidente, “Cuba encarou o assunto com seriedade e agiu com rapidez e profissionalismo (...), iniciando uma investigação exaustiva, prioritária e urgente”, transmitindo “à Embaixada dos EUA a necessidade de compartilhar informações” e cooperar. Washington confirmou que suas agências de investigação estão contando com “alguma orientação, alguma ajuda” do lado cubano.

O incidente ocorreu em meio à transição presidencial da Administração de Barack Obama para a de Donald Trump, muito antes de que em junho o novo chefe da Casa Branca anunciasse que reverteria em parte a aproximação diplomática de seu antecessor com Havana.

A Embaixada dos EUA foi reaberta por ordem de Obama em 2015 no mesmo edifício onde esteve antes da Revolução de 1959. Desde 1977 e até o degelo operou como escritório de interesses dos EUA na ilha, sempre em tensão, por ser considerado por Fidel Castro “um ninho de espiões”.

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