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Rússia afirma que sanções dos EUA são uma declaração de “guerra comercial”

“A classe dominante derrotou Trump completamente”, diz o primeiro-ministro Medvedev

O primeiro-ministro russo Medvedev chega à reunião semanal de Governo em Moscou, acompanhado pelo presidente Putin.
O primeiro-ministro russo Medvedev chega à reunião semanal de Governo em Moscou, acompanhado pelo presidente Putin.Mikhail Svetlov (Getty Images)

O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, classificou como uma declaração de “guerra comercial” contra o país a nova lei de sanções aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos e promulgada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira. Medvedev já não vê nenhuma possibilidade de melhorar as relações com Washington a curto prazo e constata que a Rússia deverá trabalhar para desenvolver sua economia apoiando-se apenas em suas próprias forças.

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Segundo Medvedev, são três os principais efeitos das novas sanções: “Em primeiro lugar, as esperanças de uma melhora de nossas relações com a nova Administração norte-americana se desvaneceram; em segundo lugar, foi declarada contra a Rússia uma verdadeira guerra comercial; e, em terceiro lugar, se não ocorrer um milagre, o regime de sanções permanecerá por décadas”. “Será preciso continuar trabalhando tranquilamente no desenvolvimento da economia e na esfera social, na substituição das importações e na solução dos problemas estatais” contando principalmente apenas com as próprias forças.

A análise feita pelo primeiro-ministro no mesmo dia em que Trump assinou a lei de sanções não se limitou apenas à Rússia, mas também se referiu aos Estados Unidos. Para Medvedev, “a Administração de Trump colocou em evidência sua total impotência cedendo, da maneira mais humilhante, suas faculdades executivas ao Congresso”, o que “muda a correlação de forças nos círculos políticos dos Estados Unidos”. “Concretamente, isso demonstra que o establishment derrotou Trump completamente”. Medvedev considera que os ataques contra o presidente norte-americano continuarão com o objetivo final de “afastá-lo do poder”.

“A política deixou de lado o pragmatismo” nos Estados Unidos e “a histeria anti-russa se tornou em uma parte vital não só da política internacional (o que ocorreu muitas vezes), mas também da interior”, afirmou o chefe do Governo russo.

Apesar de Medvedev reconhecer que Trump “não está feliz com as novas sanções”, o líder russo constatou que o presidente norte-americano “não podia deixar de assinar uma lei” aprovada “quase unanimemente” pelo Congresso. O primeiro-ministro disse que a lei é mais dura que a de Jackson-Vanik (que, aprovada em 1974, continuou restringindo o comércio com o Kremlin até mesmo depois da queda da União Soviética). Para Medvedev, a nova lei deve manter um nível “extremamente tenso” nas relações entre os dois países; provocará longos processos nos “tribunais e organismos internacionais” e levará a que “a tensão internacional continue aumentando” e à renúncia em se “resolver importantes problemas mundiais”.

No último domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, se mostrou partidário de continuar colaborando com Washington nas esferas que não caem sob o regime de sanções. Sobre isso, Putin se referiu à limitação de armas de destruição em massa, à guerra contra o terrorismo, à pacificação da Síria, à luta contra o crime organizado e à colaboração no programa espacial. Essa posição foi corroborada pelo Ministério das Relações Exteriores, mas com a condição de que Washington “deixe de ver o mundo à sua volta através do prisma da exclusividade norte-americana”.

“Os defensores das sanções, que semearam nos Estados Unidos a histeria russófoba, há tempos deveriam ter compreendido que com ameaças e pressões não conseguirão que a Rússia mude sua política ou abandone seus interesses nacionais”, afirma um comunicado divulgado pelo Ministério na quarta-feira. “A troca de alfinetadas não é uma escolha nossa. Estamos abertos à colaboração com os Estados Unidos naquelas esferas que consideramos proveitosas para nós e para a segurança internacional, inclusive a solução de conflitos regionais”, afirma o texto.

Irã acusa Trump de querer destruir o acordo nuclear

EFE, Teerã

As autoridades iranianas denunciaram que a assinatura da lei de sanções pelo presidente norte-americano, Donald Trump, é uma tentativa de destruir o acordo nuclear firmado entre o Irã e seis grandes potências em julho de 2015. “O principal objetivo dos Estados Unidos para impor as sanções contra o Irã é destruir o acordo e nós vamos reagir com inteligência a essas medidas”, advertiu o vice-ministro de Assuntos Externos e negociador nuclear, Abbas Araqchi, em declarações à TV estatal do país.

Trump promulgou a lei que impõe novas sanções ao Irã por causa de seu programa armamentista e seu apoio a grupos xiitas como o Hizbollah, assim como contra a Rússia e a Coreia do Norte. A lei fora aprovada por uma maioria esmagadora no Congresso. Na opinião de Araqchi, isso mostra que os Estados Unidos temem que o acordo nuclear dê poderes ao Irã: “Baseada nessa ideia, a crença geral em Washington é que esta situação deve se reverter e que o Irã será pressionado”, destacou.

O acordo nuclear entre o Irã e seis grandes potências limita o programa atômico de Teerã em troca da suspensão das sanções internacionais.

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