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Coreia do Norte: “Nós também não sabemos por que Warmbier morreu”

O regime de Pyongyang parece reconhecer que o estudante sofreu uma parada cardíaca durante o cativeiro

Parentes e amigos de Otto Warmbier
Macarena Vidal Liy

Por que exatamente morreu Otto Warmbier, o estudante que a Coreia do Norte manteve preso durante 16 meses e que devolveu em coma seis dias antes de ele morrer, é ainda uma incógnita. O regime de Kim Jong-un não parece especialmente disposto a solucioná-la. Segundo declarou seu Ministério de Relações Exteriores em um comunicado, eles também desconhecem a razão do trágico desenlace.

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“O fato de que Warmbier morresse de repente, menos de uma semana imediatamente depois de seu regresso aos EUA em seu estado de saúde normal, também é um mistério para nós”, indica o comunicado, no qual Pyongyang ataca o Governo norte-americano anterior, do presidente Barack Obama, e o responsabiliza pela sina do jovem.

“Warmbier é uma vítima da política de paciência estratégica de Obama, que era obcecado pela hostilidade e negação contra a República Democrática Popular da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte) e rejeitou manter um diálogo com ela”, sustenta o comunicado divulgado pela agência de notícias KCNA.

Otto Warmbier, de 22 anos, foi detido em janeiro do ano passado quando visitava a Coreia do Norte em uma excursão turística. De acordo com o regime, na noite anterior ao momento previsto para sua partida, o estudante da Universidade da Virgínia (Leste dos EUA) tentou furtar um cartaz de propaganda em um dos andares reservados para pessoal norte-coreano no hotel onde estava hospedado.

Depois de um julgamento televisionado, no qual não teve permissão para se defender, foi condenado em março a 15 anos de trabalhos forçados. Ele só voltou a ser visto uma semana antes de sua morte, quando a Coreia do Norte o devolveu “por razões humanitárias”. Estava em coma havia mais de um ano, desde pouco depois de seu julgamento e por razões desconhecidas. Segundo a Coreia do Norte, o estudante tinha caído nesse estado depois de contrair botulismo e tomar um comprimido para dormir.

Os médicos que o trataram nos Estados Unidos não encontraram indícios de que tivesse sofrido de botulismo. Nem tampouco de violência física. Afirmaram, porém, que padecia de um “dano neurológico grave”, causado aparentemente pela falta de irrigação sanguínea no cérebro em decorrência de uma parada cardíaca durante um período indeterminado.

O comunicado norte-coreano parece confirmar esse fato. Os médicos norte-americanos que viajaram a Pyongyang para o repatriamento do estudante “o examinaram e trocaram observações sobre ele com nossos médicos. Reconheceram que seus indicadores de saúde, como pulso, temperatura, respiração e os exames de pulmão e coração eram todos normais”. Também – afirma o regime – “lhe proporcionamos tratamento médico e o reavivamos, depois de seu coração (sic) quase ter parado”.

O Governo norte-coreano rejeita taxativamente que tivesse em algum momento maltratado ou torturado seu refém ou que possa ser responsabilizado pela morte. “Tratamos os presos de acordo com os padrões e as leis internacionais”, afirma.

A declaração norte-coreana foi transmitida no mesmo dia em que Wyoming (Ohio, EUA), sua cidade natal, realizava o funeral do jovem, um rapaz que iria graduar-se em Comércio neste ano acadêmico e que, de caráter afável e curioso, e de uma inteligência brilhante, teria tido um futuro promissor.

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