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Ferido em um atentado o ex-primeiro ministro grego Papademos

Carta-bomba explodiu no interior de seu carro

Lucas Papademos, em 2012Foto: atlas | Vídeo: LOUISA GOULIAMAKI (AFP) | ATLAS
María Antonia Sánchez-Vallejo

Lucas Papademos, primeiro-ministro tecnocrata da Grécia entre 2011 e 2012, ficou gravemente ferido ao abrir um envelope com explosivos em seu veículo blindado quando este circulava pelo centro de Atenas. Seus dois guarda-costas sofreram ferimentos leves. Papademos, de 69 anos, foi trasladado ao hospital Evanguelismos, onde passou por cirurgia por causa dos ferimentos no peito e nas pernas e tratamento para problemas respiratórios, mas sua vida não corre perigo, segundo fontes médicas e policiais.

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“Condeno inequivocamente o atentado contra Lucas Papademos e desejo uma breve recuperação a ele e às pessoas que o acompanhavam”, declarou o primeiro-ministro Alexis Tsipras, em Bruxelas, onde se encontrava quando houve a explosão, por volta das 18h30, hora local (12h30 em Brasília).

Todos os indícios apontam para um atentado, embora nenhum grupo tenha reivindicado a autoria até o fim do dia. A assinatura, porém, parece clara: um obscuro grupo anarquista, a Conspiração das Células de Fogo, responsável por uma série de ataques contra políticos locais e sedes de partidos, além do envio de explosivos de baixa potência a embaixadas europeias em Atenas e sedes de instituições financeiras em 2010, em um dos picos da atividade do grupo.

Embora a vida de Papademos não corra perigo, segundo fontes policiais e hospitalares, o ataque desta quinta-feira foi o mais grave de uma longa série contra alvos europeus, entre os quais se incluem o pacote com explosivos destinado aos escritórios do ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, em Berlim, e a carta-bomba remetida à sede do Fundo Monetário Internacional em Paris, que feriu uma funcionária. No total, em março foram neutralizados oito pacotes com explosivos.

A Conspiração das Células de Fogo surgiu em 2008, coincidindo com os graves distúrbios causados pelo assassinato de um jovem pela polícia em Atenas, e protagonizou graves episódios próximo de uma guerrilha urbana. Em teoria desarticulado, e com uma vintena de seus membros na prisão, apareceu e desapareceu de cena como o Guadiana, coincidindo com os piores episódios da crise. Houve uma trégua em suas ações durante os primeiros meses do Governo do Syriza, mas os ataques voltaram a se intensificar ultimamente. Na terça-feira foi interceptado em uma agência dos correios de Atenas um envelope com balas dirigido ao secretário-geral da Fazenda da Grécia. Os Estados Unidos consideram a Conspiração das Células de Fogo –que não é o único, mas o mais notório dos grupos do nebuloso e forte movimento anarquista grego– uma organização terrorista.

O tecnocrata Papademos, que exerceu um papel parecido ao de Mario Monti na Itália quando este substituiu Silvio Berlusconi, tinha sido presidente do Banco da Grécia e vice-presidente do Banco Central Europeu, na gestão de Jean-Claude Trichet, antes de assumir a chefia do Governo como interino, em um período crucial: entre a demissão forçada, em outubro de 2011, do socialista Yorgos Papandreu, até então primeiro-ministro, por propor um referendo sobre um segundo resgate –que no final seria firmado em 2012– , e as eleições antecipadas em dois turnos (depois do primeiro não foi possível formar Governo) em maio e junho de 2012, e que deram por fim o poder a uma coalizão de conservadores e social-democratas sob o comando de Andonis Samarás. Durante seu efêmero mandato foi firmado um acordo para a redução da dívida grega em mãos privadas.

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