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“Podemos reagir com raiva ou com gestos”: o discurso que viralizou após o atentado de Manchester

Jovem foi doar sangue, mas o centro estava “superlotado”

“Podemos reagir com raiva ou com gestos”. Assim começa a entrevista dada à BBC por um homem que fora doar sangue em Manchester nesta terça-feira, depois do atentado no show de Ariana Grande, em que morreram pelo menos 22 pessoas. Uma mensagem de quase dois minutos que foi compartilhada no Twitter quase 23.000 vezes em pouco mais de 12 horas e que já ultrapassa quatro milhões de reproduções no Facebook.

Este homem não conseguiu doar sangue, pois o centro estava abarrotado de gente. Então, levou um formulário para preencher, e aguarda ser chamado. Não é de estranhar: na manhã de terça-feira, o serviço público britânico de saúde divulgou um tuíte dizendo que já dispunha “de todo o sangue necessário para os pacientes internados neste momento” e estimulando os novos doadores a se cadastrarem, como fazia o homem entrevistado pelo BBC. Algumas pessoas compartilhavam no Twitter fotos das longas filas de doação.

“Esta cidade é para todos” (transcrição do vídeo)

Podemos reagir de muitas maneiras. Podemos reagir com raiva ou com gestos. Por que vivo há 17 anos nesta cidade? Esta cidade é uma comunidade. Tanto faz em que você acredita ou de onde vem, esta cidade é para todo mundo e todos nós precisamos ajudar e apoiar uns aos outros, porque querem nos dividir. Querem fazer com que ataquemos nossos vizinhos, mas isso nunca vai acontecer. Aqui não. Desculpe ter me emocionado, mas acredito que isto está me ferindo lentamente, como acontece com muita gente em Manchester. Não foi uma coisa que aconteceu no Oriente Médio. Não foi uma coisa que aconteceu na América. Foi uma coisa que aconteceu na Manchester Arena. Nossas crianças. O que mais eu posso fazer? Muita gente veio aqui hoje. Então, se não puderem atender para que você doe, deixe o seu contato com eles.

Emily Maitlis (jornalista): Pensa em alguém que tenha levado seus filhos à Arena? Esteve ali?

Sim. Eu estive ali. Trabalhei como garçom alguns anos atrás. Sou garçom. Trabalhei em alguns bares da região. Milhares de pessoas vem à cidade para ver um show ou um espetáculo e sempre dizem que esta cidade é maravilhosa, com muita coisa para fazer e para ver. Pessoas do mundo todo: estudantes, enfermeiros, médicos que vem do mundo inteiro para nos ajudar. Então, o que podemos fazer? Qualquer coisa que mostre que nós apoiamos uns aos outros. Isso é tudo o que devemos fazer hoje. Vou ficar nesta cidade e vou somente passear e sorrir para as pessoas. Isso é tudo o que posso fazer: passear e sorrir para as pessoas. Temos de cuidar uns dos outros, não é?

Emily Maitlis (jornalista): O que lhe disseram quando você foi doar sangue hoje?

Só me deram isto [mostra um folheto]. O lugar estava superlotado. Não há espaço nem para as pessoas ficarem esperando de pé –imagine sentadas. Então eu disse para a jovem da recepção: ‘Seria mais fácil para vocês se eu levasse isto comigo, preenchesse e voltasse em um outro dia?’. Porque hoje não dá. Precisamos entender que temos de ficar unidos. Não podemos permitir que isso se apague.

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