_
_
_
_
ESCÂNDALO NA CASA BRANCA

Trump pressionou diretor do FBI para encerrar o caso Flynn

Presidente tentou fazer Comey “deixar para lá” investigação sobre o ex-conselheiro de Segurança Nacional

Jan Martínez Ahrens
Donald Trump, hoje na Casa Branca.
Donald Trump, hoje na Casa Branca.AP
Mais informações
Senadores pedem as supostas gravações de Trump ao ex-chefe do FBI
Trump e Macron: a ascensão supersônica de dois ganhadores atípicos

Não ter exercido nenhum cargo público foi motivo de orgulho para Donald Trump na campanha eleitoral. Era um candidato puro, não contaminado, o homem que acabaria com as práticas ruins da casta. Agora, sua inexperiência e sua incapacidade para discernir os limites estão se voltando contra ele. O último exemplo disso foi a descoberta, revelada pelo The New York Times, de que o mandatário pediu ao então diretor do FBI, James Comey, que encerrasse a investigação sobre o ex-conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn.

A pressão, desmentida pela Casa Branca, teria sido exercida em 14 de fevereiro no Salão Oval, um dia após a renúncia de Flynn por ter mentido sobre suas conversas com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak. Após uma reunião sobre questões de segurança com outros altos funcionários, incluindo o vice-presidente, Trump pediu que ficasse sozinho com o diretor do FBI .

“Espero que você possa ver a forma de deixar isso para lá, deixar Flynn para lá”, disse o presidente. “É um bom sujeito. Espero que você possa deixar isso para lá.” Comey fez silêncio e apenas comentou: “Concordo que é um bom sujeito.”

A reconstrução figura num memorando que o diretor do FBI redigiu um dia após a reunião. Comey elaborou um relatório para cada conversa mantida com o presidente. Essa documentação poderia ser requerida como prova nos tribunais — e agora ameaça vir à tona para se transformar num obus contra a Casa Branca. Não só porque Flynn é o eixo principal da trama russa, mas também pelos vínculos suspeitos entre membros da equipe eleitoral de Trump e o Kremlin.

A relação entre Trump e o diretor do FBI (nomeado por Barack Obama) voou pelos ares na terça-feira da semana passada. O republicano surpreendeu ao destituí-lo, acusando-o de ser um “fanfarrão”. A queda de Comey foi interpretada como um ataque contra a investigação sobre a conexão russa, que ele liderava com afinco.

O diretor do FBI manteve silêncio após a renúncia. Ante os ataques cada vez mais intensos de Trump contra sua gestão e sua pessoa, porém, reagiu vazando um jantar na Casa Branca ao qual havia comparecido em 27 de fevereiro. No encontro privado, o presidente havia lhe exigido lealdade. “Serei honesto”, respondeu. Uma resposta à qual Comey, segundo pessoas próximas, atribui parte de sua desgraça.

Essa reconstrução enfureceu Trump, que na sexta-feira ameaçou Comey pelo Twitter para que ficasse calado. “Digo a James Comey que é melhor não ter ‘gravações’ de nossas conversas antes que ele comece a vazar para a imprensa!”

Comey manteve o silêncio e desistiu de depor ante o Comitê de Inteligência do Senado. Mas nesta terça-feira voltou à cena. Com um novo escândalo.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_