Suspeita de assassinato do irmão de Kim Jong-un é detida na Malásia
Segundo a polícia, a mulher foi presa no mesmo aeroporto onde Kim Jong-Nam foi encontrado morto


Continua o mistério em torno da morte de Kim Jong-nam, o irmão mais velho do líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un, morto na segunda-feira em um terminal do aeroporto internacional de Kuala Lumpur, na Malásia. A polícia da Malásia comunicou a prisão de uma suspeita ligada ao caso e informou que continua em busca de outras pessoas que podem ter participado do assassinato, enquanto a perícia ainda investiga as causas da morte. Os serviços secretos sul-coreanos, segundo informaram autoridades de Seul, creem que agentes norte-coreanas o envenenaram.
A mulher, presa no início da manhã desta quarta-feira no próprio aeroporto, foi identificada como Doan Thi Huong, de 28 anos, de nacionalidade vietnamita, segundo a polícia malasiana, e pretendia pegar na próxima sexta-feira um voo de baixo custo. A polícia da Malásia afirma em um comunicado que a suspeita “foi positivamente identificada pelas gravações do circuito fechado de televisão do aeroporto”. As câmeras a captaram quando saía do aeroporto, depois do crime, para pegar um táxi. A mulher estava sozinha quando foi presa.
“Nós a reconhecemos pela gravação e a apreendemos. Está no quartel da Polícia em Selangor para ser interrogada”, explicou o inspetor-adjunto geral da polícia, Tan Sri Noor Rashid Ibrahim. “Achamos que está envolvida nos fatos da segunda-feira”, declarou.

O alto comando policial disse que a polícia trabalha com diplomatas do Vietnã e da Coreia do Norte para determinar se ela é, de fato, de origem vietnamita. Noor Rashid disse que a polícia está buscando outra mulher e “vários” suspeitos de envolvimento no assassinato do irmão de Kim. Fontes policiais disseram ao jornal The Star que estão procurando quatro homens por suposta ligação com o assassinato.
O irmão do dirigente norte-coreano e filho mais velho do falecido Kim Jong-il tinha 46 anos. Nascido em 1970, fruto de um relacionamento extraconjugal de Kim Jong-il com a atriz Song Hye-rim, ele foi inicialmente tratado como o herdeiro do regime. Era, provavelmente, o filho mais parecido com o pai em matéria de gosto: apreciava o cinema e as artes em geral. Mas, em 2001, foi flagrado quando tentava entrar no Japão com um passaporte dominicano falso e acompanhado de duas mulheres e um menino para visitar a Disneylândia de Tóquio.
Caiu imediatamente em desgraça –fato que abriu caminho para a chegada ao poder de Kim Jong-un após a morte do pai em 2011–, e desde então passou a passar a maior parte do tempo em Macau. Segundo as autoridades, foi atacado com um spray químico no aeroporto de Kuala Lumpur, a capital malasiana, e morreu quando estava sendo transferido para um hospital.
O crime ocorreu apenas um dia depois de o regime norte-coreano lançar um míssil balístico de alcance intermediário para o mar, uma iniciativa destinada a testar o novo Governo norte-americano, presidido por Donald Trump. Em Washington, fontes da inteligência indicaram à Reuters a convicção do Governo dos EUA de que os serviços secretos norte-coreanos são culpados pelo assassinato do irmão de Kim.