EUA acusam a Rússia de desenvolver em segredo um míssil de cruzeiro
Manobra militar viola acordo entre ambos países e significa um desafio para Trump, que advoga por se aproximar de Putin

A Rússia desenvolveu secretamente um novo míssil de cruzeiro, ignorando o aviso dos Estados Unidos, que considera uma violação ao tratado de controle de armas de 1987 entre os dois países, de acordo com o que publicou o jornal The New York Times na terça-feira, citando fontes oficiais norte-americanas. O Governo de Donald Trump não fez nenhuma avaliação da notícia.
Apesar de ter recebido uma primeira advertência de Washington em 2014, Moscou continuou com o desenvolvimento do míssil, que já está operacional. A Rússia dispõe agora de dois batalhões de tropas para administrar a arma. Um deles continua em um local de testes, mas o outro foi transferido em dezembro passado para uma base operativa, de acordo com o Times, citando uma autoridade dos EUA com acesso a relatórios de inteligência.
A implantação do míssil significa um teste para o republicano Trump, que venceu as eleições presidenciais em novembro, prometendo melhorar as relações com o presidente russo, Vladimir Putin, e alcançar novos acordos de redução de armas.
O movimento é conhecido em plena crise de segurança do Governo Trump. Michael Flynn renunciou na segunda-feira como assessor de Segurança Nacional após a notícia de que, depois das eleições e antes de assumir o cargo, teve contatos com o Kremlin e mentiu sobre isso para altos funcionários do governo.
O Governo de Barack Obama concluiu em julho de 2014 que a Rússia tinha violado o tratado assinado entre os dois países em 1987 proibindo o desenvolvimento de mísseis balísticos ou de cruzeiro de alcance intermediário (capaz de voar entre 500 e 5.500 quilômetros). O pacto, assinado pelos presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, contribuiu para o fim da Guerra Fria e a escalada armamentista entre os dois gigantes.